Eurodeputados do PSD, PS e IL consideraram hoje que o acordo político entre centro-direita, socialistas e liberais no Parlamento Europeu para aprovar a nova Comissão Europeia, após cedências dos principais grupos, permite ultrapassar um impasse político.
Em declarações à agência Lusa, o parlamentar social-democrata Paulo Cunha – que pertence ao Partido Popular Europeu (PPE), maior grupo da assembleia europeia – falou num “acordo benéfico para os cidadãos” da União Europeia (UE) e num “sinal de maturidade e de responsabilidade” das três principais forças partidárias.
“O pior que podia acontecer era estarmos mais um mês ou dois sem Comissão Europeia”, salientou.
Questionado sobre as críticas de que o PPE se está a chegar à extrema-direita, Paulo Cunha sublinhou que, se isso acontecesse, “não haveria este acordo”, que foi antes possível por “cedências que não põem em causa a essência da matriz política” da centro-direita.
Por seu lado, a eurodeputada do PS Marta Temido – da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) – vincou que o acordo reflete uma “atitude responsável que evita a paralisia” da UE.
Vincando que “o impasse não foi culpa do S&D”, Marta Temido falou num “sinal de boa vontade” que permite “demonstrar aos europeus que as instituições [comunitárias] são capazes de lidar e de liderar nestes tempos difíceis”.
Já questionada se está satisfeita, após as cedências socialistas, a antiga governante referiu: “Não, ninguém está satisfeito, mas ninguém está satisfeito com o estado do mundo [pelos desafios existentes], mas o que me parece que está em causa é que isto não pode ser sobre o nosso umbigo, mas sim sobre as necessidades e expectativas dos cidadãos”.
O eleito da IL João Cotrim de Figueiredo – pertencente ao Renovar a Europa (bancada liberal) – disse à Lusa que, “tudo somado, este é um acordo benéfico”, embora isso “não signifique que seja a composição ou os portefólios ideais”.
“Mas não há respostas ideais para os problemas”, frisou o eurodeputado liberal, destacando antes que o consenso “permite à Comissão entrar em funções e irá fazê-lo com responsabilidades acrescidas” face ao contexto geopolítico e económico.
Cotrim de Figueiredo vincou ainda que a bancada liberal foi “a voz da razão” para apelar a que conservadores e socialistas “caíssem em si” perante “empecilhos, atrasos e hesitações”.
O Parlamento Europeu ainda vai ter de dar, na próxima quarta-feira, o aval final para a nova Comissão Europeia entrar em funções a 01 de dezembro, esperando-se que isso aconteça após o recente acordo entre centro-direita, socialistas e liberais.
Depois do acordo político alcançado na quarta-feira, está marcado para o dia 27 de novembro, para a sessão plenária do Parlamento Europeu na cidade francesa de Estrasburgo, o derradeiro voto dos eurodeputados sobre o novo colégio de comissários, sendo necessária uma maioria simples para o novo executivo comunitário da presidente reeleita no cargo, Ursula Von der Leyen, entrar em funções por um período de cinco anos.
O ‘sim’ ainda não está assegurado, mas deverá acontecer, dado esse acordo político e o compromisso assumido por escrito pelas três maiores forças partidárias do Parlamento Europeu – PPE, S&D e Renovar a Europa – para uma “abordagem construtiva” no próximo ciclo institucional da UE, no âmbito da “plataforma de colaboração” firmada em Bruxelas na quarta-feira, com nove pontos de entendimento como sobre defesa, migrações e competitividade económica.
Entre as cedências está o facto de o PPE ter deixado de exigir que candidata a vice-presidente espanhola, a socialista Teresa Ribera, se demitisse caso seja envolvida em processos judiciais por causa das trágicas inundações de Valência; de o S&D ter abdicado de pedir que o indigitado por Itália, o reformista Rafaelle Fito, perdesse a vice-presidência; e de o comissário nomeado pela Hungria, Oliver Várhelyi, ter perdido a tutela de questões relacionadas com os direitos das mulheres.
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