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Israel: famílias dos reféns exigem alagamento do cessar-fogo a Gaza

Só dessa forma, dizem os familiares dos reféns, será possível assegurar o seu regresso. É mais uma fonte de pressão sobre o governo de Benjamin Netanyahu face ao cessar-fogo. Nos Estados Unidos, Donald Trump reclama os créditos do cessar-fogo.
28 Novembro 2024, 07h30

As famílias dos reféns israelitas que ainda se encontram em cativeiro – e cujo número, face a eventuais mortes, não é certo – exigem que o cessar-fogo acordado entre Israel e o Líbano seja alargado à Faixa de Gaza. O acordo tem incidência apenas sobre os confrontos entre as forças de defesa de Israel (IDF) e o Hezbollah que ocorrem na fronteira com o Líbano, enquanto as investidas israelitas sobre o enclave de Gaza continuam. Os familiares dos reféns – que têm sido uma enorme dor de cabeça para o executivo liderado por Benjamin Netanyahu – desejam uma extensão do acordo que permita o regresso dos que ainda estão em cativeiro, e é provável que exerçam uma pressão crescente sobre o primeiro-ministro israelita.

Evidentemente, esta extensão também é pretendida pela contraparte. Nesse contexto, e segundo a agência norte-americana Reuters, uma delegação egípcia viajará esta quinta-feira para Israel, num esforço para alcançar um acordo de cessar-fogo em Gaza.

Por outro lado, os militares israelitas avaliam que a aplicação do cessar-fogo com o Hezbollah pode levar a vários dias de combates com o grupo terrorista. As IDF afirmam que agirão para impedir qualquer entrega de armas ao Hezbollah, inclusive atacando possíveis carregamentos em todo o Líbano, e não apenas no sul do país, bem como na Síria, revela a imprensa israelita.

Há pouco mais de 24 horas, as IDF atacaram três passagens de fronteira entre o norte do Líbano e a Síria, que, segundo os militares, foram utilizadas pelo Hezbollah para conseguir armas. As forças israelitas afirmam – e se o afirmam é porque têm autorização do governo – que, se identificarem que o Hezbollah está a tentar reconstruir as suas posições no sul do Líbano, estão prontas para agir.

Sabendo que a situação está longe de se estabilizar, a administração norte-americana liderada por Joe Biden está a avançar com um pacote de armas de 680 milhões de dólares, insistindo que a venda não está vinculada ao cessar-fogo que entrou em vigor na quarta-feira. Esta remessa de armas para Israel inclui milhares de kits conjuntos de munições de ataque direto (JDAMs), que, segundo a administração, já estavam em processamento há vários meses e é apenas uma das inúmeras remessas com luz verde desde o início da guerra. Mesmo assim, o Departamento de Estado recusou-se, segundo a imprensa norte-americana, a confirmar a venda, tendo apenas admitido que o apoio dos Estados Unidos à segurança de Israel contra ameaças apoiadas pelo Irão é “inabalável”. O comunicado do Departamento de Estado afirma que todas as transferências de armas são realizadas de acordo com a lei dos Estados Unidos – o que é contestado por várias entidades.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou esta quarta-feira que os Estados Unidos estão atrasando o envio de armas para Israel – contratempos que, segundo ele, terminariam em breve, como se estivesse a referir-se (segundo os analistas) ao fato de Donald Trump tomar posse como presidente a 20 de janeiro próximo.

O presidente eleito deixou claro que o cessar-fogo foi conseguido precisamente por causa da sua postura em relação à guerra no Médio Oriente, o que mereceu um rápido desmentido por parte da administração. O conselheiro de Segurança Nacional do presidente Biden desmentiu que Trump possa assumir os créditos pelo cessar-fogo no Líbano. “Eu apenas apontaria que se fica a saber que se fez algo bem feito quando outras pessoas querem levar os créditos por isso”, disse Jake Sullivan em entrevista à CNN.

Os seus comentários surgem depois de o homem escolhido por Trump para ser seu conselheiro de Segurança Nacional, o deputado Mike Waltz, ter afirmado nas redes sociais que o futuro presidente é a razão pela qual os dois lados chegaram ao tão procurado acordo. “Todos estão sentados à mesa por causa do presidente Trump”, observou.

Sullivan afirma que o acordo foi fechado porque Israel alcançou os seus objetivos militares no Líbano e que o governo libanês não quer a guerra. E também acredita que “a diplomacia americana implacável” de Biden e do conselheiro sénior da Casa Branca, Amos Hochstein, foi essencial.

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