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Os piores da Europa. Sociedade de Matemática alerta para retrocesso dos alunos do 8º ano

Num parecer aos resultados do estudo internacional TIMSS 2023, a Sociedade Portuguesa de Matemática diz, esta sexta-feira, que os jovens avaliados seguiram as Aprendizagens Essenciais vagas e políticas que desvalorizaram a avaliação e substituíram a exigência e a ambição educativa por uma orientação laxista e pouco estruturada do ensino.
6 Dezembro 2024, 21h51

A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) alerta para o estado calamitoso do acumulado de quedas sucessivas nas pontuações de Matemática ao longo dos últimos oito anos, nos testes TIMSS 2019 e TIMSS 2023 e exige ação urgente.

Mais de cinco mil alunos portugueses participaram no ano passado na maior avaliação internacional do desempenho dos estudantes do 4.º e 8.º anos de escolaridade a Matemática e Ciências: o TIMMS – Trends in International Mathematics and Science Study.

As provas, cujos resultados foram divulgados esta quarta-feira, envolveram alunos de 44 países e três economias. Portugal figura em 26.º lugar a Matemática e 17.º a Ciências, numa tabela que voltou a ser liderada por Singapura, com 605 pontos a Matemática e 606 pontos a Ciências.

Os alunos portugueses  do 8.º ano de Matemática têm o pior resultado da Europa, tendo caído 25 pontos, um caso sem paralelo entre os restantes países europeus.

Em Portugal, apenas 4% dos alunos do 8.º ano conseguiram um desempenho de excelência a Matemática, por oposição a 19% dos estudantes que não conseguiram atingir os objetivos mínimos nos testes. Também entre os alunos do 4.º ano esta avaliação internacional registou um agravamento dos resultados quando comparados com as notas obtidas nas provas realizadas em 2019.

No parecer aos resultados da avaliação, a Sociedade de Matemática atribui o sucesso de Portugal nas avaliações PISA 2015 e TIMSS 2015 aos esforços continuados de muitos anos e vários governos, que diz ter demorado quase 15 anos a construir e foi desfeito em oito, depreciando a aprendizagem.

A SPM fala de “grande retrocesso”, sobretudo no 8.º ano que podia ter sido evitado “caso a ação governativa se tivesse orientado pelo que se tem por favorável à aprendizagem”.

Os alunos avaliados no TIMSS 2023 seguiram um programa de estudos que desvalorizou as metas, os programas e políticas de avaliação que em 2015 levaram o país aos melhores resultados de sempre.

Já os jovens avaliados no TIMSS 2023, pelo contrário, seguiram as Aprendizagens Essenciais vagas e as políticas que desvalorizaram a avaliação e substituíram a exigência e a ambição educativa por uma orientação laxista e pouco estruturada do ensino, refere o documento.

“É, pois, urgente refletir sobre esta realidade”, conclui a Sociedade Portuguesa de Matemática, acrescentando que um sistema educativo sem objetivos claros e avaliáveis e sem mecanismos para observar a evolução dos resultados, fica à mercê do acaso que, por regra, tem como consequência a diminuição dos conhecimentos adquiridos.

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