A digitalização passou rapidamente de ser uma moda para iniciados a ser uma obrigação listada no topo das boas práticas de gestão. Pouco sensibilizadas para a mudança, muitas empresas tiveram de recorrer ao conhecimento externo para dar o passo para a modernidade – indutora de inovação. A Associação Empresarial de Portugal (AEP), a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) e a Associação de Economia Digital (ACEPI) decidiram unir esforços para chegar mais facilmente junto das empresas da região. Um ano depois, os resultados já estão a surgir, segundo disse Nuno Camilo, diretor do programa, ao Jornal Económico.
Decorrido um ano, que balanço fazem as quatro associações promotoras do projeto Acelerar o Norte?
O projeto foi oficialmente apresentado na Exponor, em outubro de 2023. Foi para o terreno em março de 2024, com o primeiro roadshow para a Digitalização do Norte, em Braga. Volvido um ano, os resultados mostram um impacto significativo na promoção da transição digital das empresas na região Norte. A equipa de gestão percorreu mais de seis mil quilómetros, numa operação que envolveu as equipas das 16 aceleradoras de comércio digital na cobertura de toda a região. Cada uma destas aceleradoras, por sua vez, somou outros tantos milhares de quilómetros para chegar às empresas e garantir que nenhuma fique para trás. O esforço conjunto produziu resultados expressivos: mais de 4.500 empresas manifestaram interesse em participar no projeto, reforçando a necessidade de intervenções que as preparem para os desafios da economia digital.
Entre as iniciativas realizadas nesta primeira fase de execução do projeto, destacam-se 34 eventos de sensibilização (roadshow para a digitalização do Norte) e 78 ações de capacitação (roadshow de capacitação do Norte), que reuniram mais de quatro mil participantes. As sessões, que somam um total de mais de 200 horas, foram conduzidas por especialistas qualificados e cobriram diferentes aspectos da transição digital, como ferramentas tecnológicas, estratégias de e-commerce e marketing digital. Os resultados alcançados são encorajadores, mas é crucial que as empresas adiram ao programa para aproveitarem ao máximo esta oportunidade. Queremos que o Norte seja o baluarte da digitalização em Portugal.
Com o projeto Acelerar o Norte, estão criadas as condições para que a região se afirme como uma referência em competitividade e inovação?
Sim, esse é o grande objetivo do projeto. Garantir que as empresas da região Norte acompanhem as transformações tecnológicas necessárias para prosperar na era digital. O Acelerar o Norte nasce da vontade da CCP, da AEP, da AHRESP e da ACEPI, que criaram um consórcio para capacitar as empresas do Norte de Portugal, dos setores do comércio, serviços pessoais e da restauração e similares, para a economia digital. A finalidade é aumentar a competitividade do tecido económico local e projetar o Norte em direção ao futuro digital.
A região Norte é vasta. Existe uma rede para promover o projeto localmente?
O projeto estima abranger 50 mil comerciantes, empresários e colaboradores de micro, pequenas e médias empresas das oito sub-regiões do Norte de Portugal, tem um investimento de 19 milhões de euros e a duração de dois anos. Com uma área de intervenção tão vasta, o sucesso do projeto também se deve à colaboração de mais de uma centena de entidades, incluindo autarquias, associações empresariais regionais e organizações privadas. Esta rede de apoio tem sido fundamental para transformar o projeto numa megaoperação de digitalização. A criação das 16 Aceleradoras de Comércio Digital tem como finalidade apoiar a transformação digital de cerca de nove mil Micro, Pequenas e Médias Empresas do Alto Minho, Cávado, Ave, Alto Tâmega, Área Metropolitana do Porto, Tâmega e Sousa, Douro e Terras de Trás-os-Montes. A expetativa é que o projeto possa chegar, por esta via, a empresários, comerciantes e colaboradores.
Qual o objetivo dos dois tipos de roadshows criados – capacitação e digitalização?
O roadshow de capacitação do Norte pretende qualificar as empresas aderentes ao projeto. Para além de disponibilizar ferramentas de avaliação da maturidade digital, apoio na elaboração de planos de transição digital e vouchers para contratação e acesso a serviços digitais, também promove sessões de informação, workshops e conteúdos de capacitação. O roadshow para a digitalização do Norte tem como fim apresentar o projeto e sensibilizar as várias comunidades empresariais locais. O objetivo é mostrar que a digitalização é para todos os negócios, desde o maior ao mais pequeno. Existem casos de sucesso de empresas que investiram na mudança e descobriram o potencial da digitalização para garantir o futuro dos seus pequenos negócios.
Que resultados antecipam conseguir no final do projeto?
O projeto pretende que, no último trimestre de 2025, 80% das empresas intervencionadas tenham presença digital e melhorem também noutros aspectos, como a percentagem das que têm uma estratégia de marketing digital ou que utilizam o digital para vender os seus produtos e/ou serviços.
Quais são os principais indicadores da economia digital na região Norte?
Segundo dados obtidos num diagnóstico preliminar que o projeto Acelerar o Norte desenvolveu, mais de 60% das Micro, Pequenas e Médias Empresas do comércio, dos serviços pessoais e da restauração e similares do Norte de Portugal têm uma presença digital, o que não significa que a estratégia adotada seja a correta ou que esteja a ter bons resultados. No entanto, há outros indicadores a melhorar, como as vendas online e o investimento em marketing digital. Em Portugal, existem oito milhões de pessoas que utilizam diariamente telefones e computadores. Desses, 73% utilizam as plataformas para procurar e consultar comércios, espaços e serviços.
Em 2023, o número de portugueses que fez compras online duplicou. 60% da população contribuiu para os cerca de dez mil milhões de euros gastos na aquisição de produtos ou serviços através da internet. Números que, por si só, justificam a importância da existência deste projeto para a comunidade empresarial da região Norte.
O projeto tem previsto a realização de estudos?
Ao longo do projeto, serão realizados três estudos junto das empresas do Norte do país para analisar a evolução dos principais indicadores da economia digital na região e medir o impacto do projeto Acelerar o Norte. Os estudos vão analisar e sistematizar diferentes momentos de intervenção do projeto, nomeadamente o momento inicial, um segundo momento de avaliação intermédia do impacto do projeto e um estudo final de análise do impacto das atividades desenvolvidas.
No início do próximo ano, vamos apresentar os resultados do primeiro estudo. Será uma análise ao tecido empresarial da região, com especial incidência nos setores de atividade elegíveis para o projeto Acelerar o Norte, e detalhando o resultado da aplicação de um inquérito de maturidade/necessidades digitais às empresas da região. O objetivo é fazer um rastreio mais aprofundado e identificar as necessidades de intervenção e das ferramentas/serviços, das tecnologias mais utilizadas por estes setores e do território onde se desenvolve o projeto e a atividade de cada aceleradora de comércio digital.
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