Os preços dos combustíveis na bomba dispararam desde o início do ano. As famílias e empresas estão a ser penalizados pela subida da cotação internacional, mas a oposição acusa o Governo de estar a contribuir para este aumento, com as mexidas nos impostos em vigor desde 1 de janeiro.
Num mês, o gasóleo já subiu quase 10 cêntimos por litro, oito cêntimos desde o início do ano, segundo as contas feitas pelo JE a partir dos aumentos semanais anunciados pelo Automóvel Clube de Portugal (ACP). Já a gasolina subiu 7,5 cêntimos por litro no espaço de um mês, e 4,5 cêntimos desde o início do ano.
A partir de hoje, o gasóleo passa a custar mais 5,5 cêntimos por litro e a gasolina mais 3 cêntimos por litro, segundo o ACP.
Esta é também a maior subida semanal dos combustíveis desde 2022.
Os preços vão assim subir: no gasóleo de 1,644 euros para 1,699 euros por litro; na gasolina simples 95, de 1,751 euros para 1,781 euros por litro.
Os preços dos combustíveis, e as margens de refinação, têm vindo a subir nos mercados internacionais com as novas sanções dos EUA à Rússia, pois pode vir a reduzir a oferta.
Washington quer reduzir as receitas do Kremlin, para limitar a sua máquina de guerra na Ucrânia, mas o impacto imediato será pago pelos automobilistas portugueses e europeus.
Apesar das sanções anteriores, a Rússia montou uma verdadeira frota-sombra, navios usados para exportar discretamente petróleo russo para países como a China ou a Índia, que o compram a preços mais baixos.
Outra causa para esta subida é o frio registado no hemisfério norte e na Europa. “O frio é provavelmente a razão que mais influencia as subidas”, disse ao JE o presidente da associação Epcol -Empresas Portuguesas de Combustíveis e Lubrificantes
“O gasóleo é bastante usado como combustível para aquecimento em vários países no centro da Europa. Há normalmente uma pressão nos preços nas estações mais frias”, segundo António Comprido.
O responsável destacou que tanto o crude, como a gasolina e o gasóleo têm vindo a subir os preços nas últimas semanas.
Outra causa para esta subida é também o facto de o consumo de petróleo ter subido no final de 2024, face ao que era esperado pela Agência Internacional de Energia (IEA).
Apesar do anúncio de cessar-fogo em Gaza, este evento não aliviou os preços nos mercados.
António Comprido apontou que, nos mercados internacionais, as cotações em dólares têm vindo a subir: 6,5% no gasóleo, 3,6% na gasolina e 5,5% no Brent. “Isto agrava-se quando se passa de dólares para euros. O inverno coloca normalmente pressão nestes produtos”. A gasolina também tem vindo a sofrer agravamentos assinaláveis porque é cada vez mais consumida em detrimento do gasóleo, que é usado cada vez mais apenas pelo transporte pesado.
Desde 1 de janeiro que o Governo aumentou as taxas de ISP em 3 cêntimos por litro na gasolina e 3,4 cêntimos no gasóleo, mas o executivo disse que o efeito do aumento será anulado pela descida da taxa de carbono dos atuais 81 para 67,4 euros por cada tonelada de CO2.
Mas o Partido Socialista (PS) já veio criticar o Governo afirmando que o aumento do início do ano está mesmo a fazer efeito nos bolsos de famílias e empresas. “O primeiro-ministro disse que este Orçamento do Estado era o primeiro da história sem aumentos de impostos. Bastou chegar ao dia 1 de janeiro e ninguém deu por ela. Vão dar por ela na segunda-feira quando forem atestar. Foi logo a 1 de janeiro que foi publicada a portaria que aumenta o Imposto sobre Produtos Petrolíferos. Não bastaram seis dias para que aquela afirmação passasse a ser uma das mentiras que marca este Governo e o atual primeiro-ministro”, disse Pedro Nuno Santos citado pela “Lusa”.
“Quando carregamos nos impostos sobre combustíveis, estamos a carregar sobre o rendimento de quem trabalha”, afirmou o líder da oposição.
Já a Associação de Revendedores de Combustíveis (ANAREC) pediu ao Governo medidas para atenuar as subidas das cotações internacionais. “Este impacto poderia não ser tão significativo se o Governo conseguisse voltar a compensar este aumento com a mexida na taxa de carbono ou do ISP”, disse a vice-presidente da ANAREC Mafalda Trigo à “Renascença”.
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