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Preços dos combustíveis dispararam nos postos de abastecimento

Gasóleo disparou oito cêntimos desde o início do ano e 10 cêntimos num mês. Subida de hoje é a maior desde 2022. Famílias e empresas sob pressão. PS acusa Governo de carregar nos impostos sobre os combustíveis. Sector pede medidas ao executivo para travar aumentos.
Combustíveis
20 Janeiro 2025, 07h00

Os preços dos combustíveis na bomba dispararam desde o início do ano. As famílias e empresas estão a ser penalizados pela subida da cotação internacional, mas a oposição acusa o Governo de estar a contribuir para este aumento, com as mexidas nos impostos em vigor desde 1 de janeiro.

Num mês, o gasóleo já subiu quase 10 cêntimos por litro, oito cêntimos desde o início do ano, segundo as contas feitas pelo JE a partir dos aumentos semanais anunciados pelo Automóvel Clube de Portugal (ACP). Já a gasolina subiu 7,5 cêntimos por litro no espaço de um mês, e 4,5 cêntimos desde o início do ano.

A partir de hoje, o gasóleo passa a custar mais 5,5 cêntimos por litro e a gasolina mais 3 cêntimos por litro, segundo o ACP.

Esta é também a maior subida semanal dos combustíveis desde 2022.

Os preços vão assim subir: no gasóleo de 1,644 euros para 1,699 euros por litro; na gasolina simples 95, de 1,751 euros para 1,781 euros por litro.

Os preços dos combustíveis, e as margens de refinação, têm vindo a subir nos mercados internacionais com as novas sanções dos EUA à Rússia, pois pode vir a reduzir a oferta.

Washington quer reduzir as receitas do Kremlin, para limitar a sua máquina de guerra na Ucrânia, mas o impacto imediato será pago pelos automobilistas portugueses e europeus.

Apesar das sanções anteriores, a Rússia montou uma verdadeira frota-sombra, navios usados para exportar discretamente petróleo russo para países como a China ou a Índia, que o compram a preços mais baixos.

Outra causa para esta subida é o frio registado no hemisfério norte e na Europa. “O frio é provavelmente a razão que mais influencia as subidas”, disse ao JE o presidente da associação Epcol -Empresas Portuguesas de Combustíveis e Lubrificantes

“O gasóleo é bastante usado como combustível para aquecimento em vários países no centro da Europa. Há normalmente uma pressão nos preços nas estações mais frias”, segundo António Comprido.

O responsável destacou que tanto o crude, como a gasolina e o gasóleo têm vindo a subir os preços nas últimas semanas.

Outra causa para esta subida é também o facto de o consumo de petróleo ter subido no final de 2024, face ao que era esperado pela Agência Internacional de Energia (IEA).

Apesar do anúncio de cessar-fogo em Gaza, este evento não aliviou os preços nos mercados.

António Comprido apontou que, nos mercados internacionais, as cotações em dólares têm vindo a subir: 6,5% no gasóleo, 3,6% na gasolina e 5,5% no Brent. “Isto agrava-se quando se passa de dólares para euros. O inverno coloca normalmente pressão nestes produtos”. A gasolina também tem vindo a sofrer agravamentos assinaláveis porque é cada vez mais consumida em detrimento do gasóleo, que é usado cada vez mais apenas pelo transporte pesado.

Desde 1 de janeiro que o Governo aumentou as taxas de ISP em 3 cêntimos por litro na gasolina e 3,4 cêntimos no gasóleo, mas o executivo disse que o efeito do aumento será anulado pela descida da taxa de carbono dos atuais 81 para 67,4 euros por cada tonelada de CO2.

Mas o Partido Socialista (PS) já veio criticar o Governo afirmando que o aumento do início do ano está mesmo a fazer efeito nos bolsos de famílias e empresas. “O primeiro-ministro disse que este Orçamento do Estado era o primeiro da história sem aumentos de impostos. Bastou chegar ao dia 1 de janeiro e ninguém deu por ela. Vão dar por ela na segunda-feira quando forem atestar. Foi logo a 1 de janeiro que foi publicada a portaria que aumenta o Imposto sobre Produtos Petrolíferos. Não bastaram seis dias para que aquela afirmação passasse a ser uma das mentiras que marca este Governo e o atual primeiro-ministro”, disse Pedro Nuno Santos citado pela “Lusa”.

“Quando carregamos nos impostos sobre combustíveis, estamos a carregar sobre o rendimento de quem trabalha”, afirmou o líder da oposição.

Já a Associação de Revendedores de Combustíveis (ANAREC) pediu ao Governo medidas para atenuar as subidas das cotações internacionais. “Este impacto poderia não ser tão significativo se o Governo conseguisse voltar a compensar este aumento com a mexida na taxa de carbono ou do ISP”, disse a vice-presidente da ANAREC Mafalda Trigo à “Renascença”.

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