[weglot_switcher]

Bloco acusa Governo de ter “instalado rede clientelar” no SNS e diz que Castro Alves é “o ministro sombra”

Mariana Mortágua suscitou uma questão de ordem prática em relação ao agora ex-CEO do SNS. “Como é que um diretor regional do INEM tem tempo para ser tarefeiro em Faro, Portimão, em Gaia, Abrantes e em Matosinhos?”
Cristina Bernardo
22 Janeiro 2025, 17h14

A deputada e coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, acusou o Governo PSD/CDS de ter instalado “uma rede clientelar” na Saúde, tendo recrutado cinco pessoas no mesmo lugar, na Ordem dos Médicos do Norte, entre os quais o agora ex-CEO do SNS, Gandra D’Almeida.

“Este diretor executivo foi escolhido porque faz parte de uma rede clientelar que o PSD instalou no SNS”, disse a bloquista na sua intervenção no debate de urgência sobre a instabilidade e falta de respostas na saúde requerido esta manhã pelo PS. Além desta nomeação, Mariana

Mortágua recordou outras em que o elo de ligação é a Ordem dos Médicos do Norte: Eurico Castro Alves, coordenador do plano de emergência, a secretária de Estado da Saúde Ana Povo, o presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, Caldas Afonso, e o coordenador do Plano de Envelhecimento Ativo e Saudável, Maia Gonçalves.

“Eurico Castro Alves, nomeado para coordenar o plano de emergência, na prática é o ministro sombra da Saúde”, acusou a deputada, dizendo que o coordenador do plano de emergência “tem mais do que um interesse privado na saúde”.

“Tem uma empresa de consultoria para a qual prestaram serviço a ministra da Saúde e a secretária de Estado Ana Povo; esteve envolvido no lançamento de uma seguradora privada de saúde; é acionista da LapaCare que tem a concessão do hospital da Lapa; está nos corpos sociais da Misericórdia do Porto; recebeu 105 milhões deste Governo e do plano que foi feito pelo próprio para ficar com serviços do SNS, e ainda encontrou tempo para prestar consultoria a empresas de canabis porque tinha conhecimentos por ter sido diretor do Infarmed anos antes”, enumerou Mortágua.

“Nada disto impediu a ministra de nomear Castro Alves para coordenar o plano de emergência”, continuou a deputada, “e não contente com isto, nomeia a mesma pessoa para avaliar o plano de emergência que tinha criado”.

No entender de Mariana Mortágua, a equipa nomeada pela ministra tem dois “problemas óbvios”: “É uma equipa incompetente que só agrava os problemas na saúde” e é uma equipa “mergulhada em conflitos de interesses”.

“Castro Alves foi o primeiro a cair, Gandra D’Almeida o segundo, e quem é que vão buscar para o substituir? Álvaro de Almeida, dirigente do PSD, também do Norte, que por acaso foi orientador da tese de Eurico Castro Alves, juntamente com Caldas Afonso, que faz parte do mesmo grupo da Ordem dos Médicos”, denunciou, acusando o Governo de ter criado uma “agência de liquidação do SNS”. “Caíram dois destes nomeados, só falta mesmo cair quem faz as nomeações”, rematou a coordenadora do Bloco.

Sobre a acumulação de funções de Gandra D’Almeida, Mariana Mortágua suscitou duas questões. Uma de ordem prática e outra de ordem política. Quanto à primeira: “Como é que um diretor regional do INEM tem tempo para ser tarefeiro em Faro, Portimão, em Gaia, Abrantes e em Matosinhos?” A segunda: “Como é que um dirigente que constituiu duas empresas para receber centenas de milhares de euros do SNS como tarefeiro pode ser diretor executivo do SNS, sem reconhecer que um dos principais problemas do SNS é precisamente depender desses tarefeiros?”

Notícia em atualização

 

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.