Além de ser o quarto mercado mais importante para as vendas portuguesas ao exterior (atrás de Espanha, França e Alemanha), o peso no bolo total exportado para fora da UE é o quarto mais elevado do bloco europeu. Ou seja, olhando para as exportações de bens de cada Estado-membro para países fora da UE, o JE denota que Portugal regista o quarto maior peso das vendas para os EUA, atrás da Irlanda, Finlândia e Áustria.
No panorama europeu, a importância norte-americana nas exportações portuguesas é notória, com Portugal a assumir o quarto lugar de uma lista encabeçada pela Irlanda, mas com grande destaque para a Alemanha. Já em bloco, o mercado americano é mesmo o mais relevante para as vendas europeias ao exterior, representando quase um quinto (19,7%) do bolo total.
Em termos absolutos, são quase 320 mil milhões de euros em bens exportados pela UE para os EUA, isto de acordo com os dados do Eurostat relativos a 2023, o último ano para o qual já existem estatísticas consolidadas.
A Irlanda é o país onde as exportações para os EUA assumem maior importância, liderando este ranking de forma destacada, com 45,8% do total enviado para fora da UE. De notar, contudo, que a economia irlandesa é altamente influenciada pela elevada proporção de multinacionais presentes no país, pelo que os dados são altamente voláteis e sujeitos a revisões frequentes.
Seguem-se Finlândia, Áustria e Portugal, com o destino EUA a representar 25,5%, 23,2% e 22,7%, respetivamente, do total de exportações extracomunitárias em 2023, de acordo com o Eurostat. Em sentido inverso, a Eslovénia é a economia europeia menos dependente das exportações para os EUA, que pesam apenas 3,1% do total extra-UE.
Na mesma linha, Portugal regista o nono saldo comercial mais positivo com os EUA, com 2.983 milhões de euros mais de exportações do que importações. Sem surpresas, a Alemanha consegue o resultado mais expressivo, com 85,8 mil milhões de excedente comercial, enquanto oito países têm um défice comercial, incluindo Espanha.
Em termos absolutos, a Alemanha lidera a lista, exportando mais de 157 mil milhões de euros em bens para os EUA em 2023, mais do dobro da Itália, a segunda na lista. De destacar ainda a economia francesa, que surge logo em quarto lugar, após a Irlanda.
Sectores automóvel e farmacêutico são os mais relevantes
Os EUA têm vindo a crescer de importância na componente externa nacional, registando saldos comerciais cronicamente favoráveis a Portugal, tanto nos bens, como nos serviços, e saltando em termos de peso nas exportações totais oriundas da nossa economia. Apesar de representar apenas cerca de 0,21% das importações norte-americanas (ainda que com tendência crescente), as vendas para os EUA foram, em 2023, 6,77% das exportações totais portuguesas – uma subida considerável em relação aos 5,07% registados em 2019.
Tal coloca a maior economia do mundo no quarto lugar em termos de peso nas exportações portuguesas e a maior fora da UE, atrás de Espanha, Alemanha e França. Contas feitas, o crescimento nas vendas nacionais para os EUA entre 2019 e 2023 é de 59,5%, isto incluindo bens e serviços; o salto é ainda maior se tomarmos 2014 como base, chegando a 182%, segundo dados do Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE).
Os EUA foram, de resto, o mercado entre os dez mais relevantes para as exportações nacionais em que as vendas nacionais mais cresceram em 2024, atrás apenas da Alemanha: até novembro, os dados do INE apontam para um avanço de 17,6%, uma subida ainda mais relevante quando tendo em conta que, além de EUA e Alemanha, apenas as exportações para a Polónia também cresceram entre os dez principais mercados.
Além do turismo, que domina do lado dos serviços, sectores como o farmacêutico e o dos componentes automóveis dominam esta relação, surgindo como os mais expostos às medidas protecionistas esperadas vindas de Washington. De lembrar que o sector farmacêutico, por exemplo, vinha registando um crescimento assinalável da componente externa (ultrapassando até outubro o valor de exportações total de 2023 e a barreira dos três mil milhões de euros, como noticiou o JE em dezembro) e da importância dos EUA como destino, sobretudo de medicamentos.
Junta-se a isto produtos específicos do ramo agroalimentar, com o vinho à cabeça, mas também outros bens como as conservas ou o azeite.
Também nos fornecimentos industriais e nos produtos minerais a relação comercial entre os dois países é particularmente benéfica para Portugal, que regista uma balança marcadamente positivas nestas categorias de bens.
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