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Hernâni Dias: “Não informei o primeiro-ministro nem o ministro da criação das empresas”

Ex-secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território rejeita conflito de interesses e lamenta estar a ser julgado, não por aquilo que fez, mas pelo que se pensa que poderá vir a fazer no futuro. Ouvido no Parlamento, Hernâni Dias explicou que não viu necessidade de declarar as duas empresas.
4 Fevereiro 2025, 13h06

O ex-secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, disse não ter informado o primeiro-ministro, Luís Montenegro, nem o ministro da Coesão Territorial, Castro Almeida, sobre a criação das duas empresas de imobiliário que estão na origem da polémica que levou à sua demissão.

“Não informei o primeiro-ministro nem o ministro da Coesão Territorial da criação destas empresas. Ninguém sabia daquilo que eu estava a fazer”, disse o ex-governante no Parlamento, esta terça-feira, numa audição requerida pelo Bloco de Esquerda na qual garantiu ter cumprido estritamente a lei, agido de  boa-fé e com transparência.

Dando conta que consultou a Entidade para a Transparência antes de criar as duas sociedades, Hernâni Dias garante não ter escondido “rigorosamente nada” sobre o negócio e que o objetivo “nunca foi a intermediação imobiliária” mas sim a “a exploração turística de dois imóveis em espaço rural”.

“Nessa medida, não houve nenhum tipo de aproveitamento, não houve nenhum negócio feito por estas empresas e não está previsto ser feito”, asseverou, lamentando que se esteja a fazer um julgamento não sobre aquilo que fez, mas sobre aquilo que supostamente poderá fazer no futuro. “É curioso, já não julgamos as pessoas por aquilo que fizeram. Estamos a julgar as pessoas por aquilo que supostamente virão a fazer amanhã”, atirou.

Questionado pelos deputados, Hernâni Dias reforçou que a sua demissão da passada terça-feira deu-se pelo facto de “ter sido muito cauteloso na dimensão legal na constituição das empresas”. Disse ter tido o cuidado de declarar a primeira empresa e explicou que não o fez em relação à segunda “por entender que não estava diretamente ligado” a ela, “uma vez que quem tinha entrado no capital social da empresa era a primeira empresa que tinha constituído. Entendi não haver necessidade de a declarar”.

Ainda assim, questionou a Entidade para a Transparência, no dia 6 de janeiro, sobre se devia ou não fazê-lo. Até hoje, ainda não obteve resposta, disse.

Ainda sobre a sua demissão, admitiu não ter sido tão cauteloso na dimensão política e “foi essa que foi aproveitada” pelos partidos, mas entendeu demitir-se para não ser um elemento “prejudicial” à governação do país dado o “aproveitamento político” que a polémica suscitou.

Apesar disso, tanto no caso das empresas, como na expansão da zona industrial de Bragança, Hernâni Dias garante ter a certeza que em nenhum momento deixou de cumprir com os preceitos da legalidade, razão pela qual presta esclarecimentos no Parlamento “de forma aberta, tranquila, sem qualquer problema para explicar o que tem de ser explicado: não violei legislação, não cometi nenhum crime, não tenho rigorosamente nada a esconder.”

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