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Novo crédito às famílias soma 34,3 mil milhões em dezembro à boleia do crédito hipotecário jovem

As novas operações de empréstimos aos particulares totalizaram 34,3 mil milhões de euros em 2024, o valor anual mais elevado desde o início da série, em 2003, e mais 1,7 mil milhões de euros do que em 2023, revela o Banco de Portugal. A subida deve-se ao crédito à habitação dos jovens com menos de 35 anos.
4 Fevereiro 2025, 13h21

As novas operações de empréstimos aos particulares totalizaram 34,3 mil milhões de euros em 2024, o valor anual mais elevado desde o início da série, em 2003, e mais 1,7 mil milhões de euros do que em 2023, revela o Banco de Portugal na sua mais recente nota de informação estatística, relativa a dezembro de 2024.

As novas operações de empréstimos incluem os contratos totalmente novos e os contratos renegociados.

Os novos contratos de empréstimos a particulares aumentaram 6,0 milhões de euros em 2024, para 26,5 mil milhões de euros, representando 77% do total de novas operações de empréstimos aos particulares (63% em 2023). Este aumento foi transversal a todas as finalidades, mas foi superior na finalidade de habitação devido ao crédito à habitação jovem.

O Banco de Portugal explica que os novos contratos de crédito à habitação cresceram 4,5 mil milhões de euros, para 17,6 mil milhões de euros, atingindo o valor mais elevado desde o início da série, em dezembro de 2014.

“Para esta subida contribuiu principalmente o crédito concedido a mutuários com menos de 35 anos, que representou 47% do montante de novos contratos para habitação própria permanente concedidos a partir de agosto de 2024 (37% entre janeiro e julho de 2024)”, revela o BdP.

“O crescimento deste segmento foi impulsionado pela entrada em vigor, em agosto, do Decreto-Lei n.º 48-A/2024, que isenta de IMT e de imposto do selo a compra da primeira habitação por jovens até aos 35 anos”, lê-se na nota.

Os montantes dos novos contratos nas finalidades de consumo e de outros fins também aumentaram, 700 e 800 milhões de euros, respetivamente, para 6,4 e 2,5 mil milhões de euros.

Em contrapartida, as renegociações de crédito reduziram-se de 12,0 mil milhões de euros, em 2023, para 7,8 mil milhões de euros em 2024. Uma evolução que é quase totalmente explicada pelas renegociações de crédito à habitação, que, em 2024, ascenderam a 7,3 mil milhões de euros, menos 4,1 mil milhões de euros do que em 2023 (11,4 mil milhões de euros).

As renegociações representaram 29% do total de novas operações de empréstimos à habitação em 2024 (o que compara com 46% em 2023).

A taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação passou de 4,19%, em dezembro de 2023, para 3,20% em dezembro de 2024, ou seja, houve uma redução de 0,99 pp. Esta taxa diminuiu pelo 14.º mês consecutivo.

Em 2024, as taxas de juro médias dos novos contratos e dos contratos renegociados de crédito à habitação tiveram uma evolução semelhante, terminando o ano em 3,11% e 3,60%, respetivamente.

O banco central compara com a zona euro e diz que “a taxa de juro média das novas operações de empréstimos à habitação do conjunto dos países da área do euro diminuiu 0,65 pp, para 3,35%. Portugal apresentou a sétima taxa de juro média mais baixa, ficando abaixo da média da área do euro”.

A finalidade de consumo foi a única cuja taxa média de novas operações não diminuiu, passando de 8,52%, em dezembro de 2023, para 8,56% em dezembro de 2024, destaca o BdP. No entanto, acrescenta, “esta taxa desceu pelo quarto mês consecutivo, depois de ter atingido o valor máximo do ano em agosto (9,04%)”.

Nos empréstimos para outros fins, a taxa de juro média diminuiu de 5,26%, em dezembro de 2023, para 3,92% em dezembro de 2024.

Crédito à habitação à lupa

Esta análise incide exclusivamente sobre os novos empréstimos e o stock de empréstimos concedidos a particulares para habitação própria permanente, explica o Banco de Portugal

Em 2024, as novas operações de crédito para habitação própria permanente contratadas a taxa mista (isto é, empréstimos com taxa de juro fixa num período inicial do contrato, seguido de um período em que a taxa de juro é variável), continuaram a aumentar.

O peso das novas operações a taxa mista cresceu de 66%, em dezembro de 2023, para 74% em dezembro de 2024, tendo atingido um máximo de 80% em agosto de 2024.

O peso dos contratos de crédito à habitação com taxa mista no stock de crédito à habitação aumentou 16 pp em 2024, totalizando 33% em dezembro.

Por outro lado, a diminuição das taxas de juro refletiu-se no decréscimo da prestação média mensal dos créditos à habitação em 8 euros: de 422 euros, em dezembro de 2023, para 414 euros em dezembro de 2024.

Considerando apenas os contratos comuns a dezembro de 2023 e a dezembro de 2024 (isto é, excluindo o efeito de novos contratos e de contratos finalizados ao longo de 2024), a redução da prestação média mensal, em 2024, foi de 25 euros.

O BdP diz que “esta redução foi parcialmente compensada pelo efeito dos novos contratos de crédito à habitação, que, ao apresentarem uma prestação média superior aos contratos já existentes, moderaram a queda da prestação média mensal do stock de crédito à habitação”.

O supervisor da banca diz ainda que as amortizações antecipadas de crédito à habitação mantiveram-se elevadas, totalizando 10,2 mil milhões de euros em 2024, menos 0,4 mil milhões de euros do que em 2023.

As amortizações antecipadas totais (que incluem os contratos finalizados por amortização da dívida do devedor, consolidação de crédito num novo contrato e as transferências de crédito para outra instituição) representaram 87% das amortizações antecipadas em 2024.

Como correu o crédito a empresas?

Em 2024, o montante de novas operações de empréstimos concedidos às empresas ascendeu a 26,7 mil milhões de euros, mais 2,1 mil milhões de euros do que em 2023. Este aumento é justificado pelos novos contratos de empréstimos, que subiram 2,6 mil milhões de euros, para 22,9 mil milhões de euros. Já as renegociações reduziram-se 500 milhões de euros, para 3,8 mil milhões de euros.

As novas operações de crédito a empresas até 1 milhão de euros atingiram 14,0 mil milhões de euros em 2024, mais 1,8 mil milhões de euros do que em 2023. Já as novas operações de empréstimos acima de 1 milhão de euros aumentaram 400 milhões de euros, para 12,7 mil milhões de euros.

O banco central diz ainda que a taxa de juro média das novas operações de empréstimos às empresas reduziu-se 1,36 pp entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, de 5,66% para 4,30%.

A diminuição foi comum aos empréstimos até 1 milhão de euros (-1,35 pp, para 4,40%) e aos empréstimos acima de 1 milhão de euros (-1,36 pp, para 4,23%), conclui.

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