O economista sénior da Schroders, George Brown, e o responsável pela política económica, David Rees, analisaram os recentes avanços e retrocessos dos Estados Unidos no que diz respeito à imposição de tarifas ao México, Canadá e China. Eles destacaram a dificuldade que os investidores enfrentam em avaliar o impacto real destas políticas, que está a gerar uma volatilidade crescente entre várias classes de ativos.
Os economistas afirmam que as tarifas propostas aos dois primeiros países podem ter um “impacto mais substancial” se forem implementadas de forma rigorosa. No último fim de semana, a administração norte-americana anunciou a intenção de aplicar tarifas de 25% ao México e ao Canadá, e de 10% à China, levando os países afetados a ameaçar retaliações. No entanto, na segunda-feira, os EUA decidiram adiar a implementação das tarifas ao México e ao Canadá por um mês.
A estratégia dos EUA parece ter sido eficaz, uma vez que o México e o Canadá concordaram em reforçar a segurança nas suas fronteiras em troca do adiamento das tarifas. Brown e Rees mencionaram um cenário semelhante que ocorreu em janeiro, quando a Colômbia lidou com ameaças de tarifas para permitir a entrada de voos militares dos EUA.
Os economistas enfatizaram que, apesar do adiamento, as tarifas ainda não foram eliminadas. O presidente Trump tem utilizado as redes sociais para comunicar sobre as tarifas, mostrando-se disposto a aceitar os possíveis efeitos econômicos adversos, como quedas nos mercados e aumento de preços para os consumidores.
A análise da Schroders aponta que, durante o primeiro mandato de Trump, a guerra comercial com a China teve um impacto limitado na inflação. No entanto, as tarifas ao México e ao Canadá poderiam ter um efeito mais significativo, dado que estes países representam 28,3% das importações dos EUA, em comparação com 13,6% da China. Qualquer implementação de tarifas poderá resultar em maior inflação e menor crescimento econômico nos Estados Unidos.
O contexto atual é considerado mais robusto em comparação ao primeiro mandato de Trump, com uma procura forte que pode permitir que as empresas repassem aumentos de preços. A força do dólar também foi destacada, reforçada pelos desenvolvimentos em torno das tarifas, o que resultou em um enfraquecimento de outras moedas.
Os economistas da Schroders indicam que o “equilíbrio de riscos” em relação à política monetária dos EUA está a apontar para a ausência de cortes de juros este ano, enquanto outras regiões, como a Zona Euro e o Reino Unido, devem continuar em modo de flexibilização. A discrepância na força do dólar pode refletir um “premium Trump”, dada a incerteza ligada às tarifas e à política fiscal.
Brown e Rees alertam que a China foi o foco principal das tarifas durante o primeiro mandato de Trump, mas a imposição de tarifas ao México e ao Canadá seria mais difícil de contornar, dado que as mercadorias viajam por terra. Isso sugere que o impacto das tarifas será mais acentuado desta vez.
O encontro entre Trump e o presidente da China, Xi Jinping, previsto para breve, poderá criar condições para um acordo sobre tarifas. Caso contrário, a China poderá optar por desvalorizar a sua moeda para mitigar o impacto das tarifas, o que poderia estimular estímulos fiscais adicionais para apoiar o crescimento interno.
Os economistas também mencionaram que, embora ainda não haja tarifas anunciadas para a União Europeia, existe o risco de que a China direcione produtos para a UE devido às tarifas sobre as exportações chinesas para os EUA. Se a Europa for afetada, a União Europeia poderá tentar negociar um acordo antes da implementação das tarifas, possivelmente aumentando a compra de armas e gás natural liquefeito (GNL) dos EUA para compensar a perda de procura.
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