O fim das isenções tarifárias sobre produtos chineses avaliados em menos de 800 dólares (770 euros) pode reduzir a taxa de crescimento económico da China em 0,2% este ano, segundo estimativas do banco de investimento japonês Nomura.
Um relatório publicado hoje por esta entidade situa o valor dos pacotes enviados por empresas chinesas como a Temu ou a Shein para os EUA, aproveitando a isenção que vigorou até agora, em cerca de 46 mil milhões de dólares (44,2 mil milhões de euros), o que representa 11% do total das importações norte-americanas provenientes da China.
Além do referido impacto no PIB, as taxas de 10% ou outros custos adicionais aplicados a este tipo de pacotes traduzir-se-ão também numa redução de 1,3% no crescimento total das exportações da segunda maior economia do mundo.
A medida anunciada por Trump poderá reduzir em 60% o envio da China para os EUA de mercadorias atualmente enviadas ao abrigo de um mecanismo conhecido como “minimis”.
Em 2024, as exportações chinesas de embalagens “minimis” enviadas diretamente aos consumidores de todo o mundo atingiram cerca de 240 mil milhões de dólares (230 mil milhões de euros), representando 7% do total das vendas ao exterior e 1,3% do PIB chinês.
O número de embalagens deste tipo enviadas para os EUA aumentou quase dez vezes entre 2015 e 2024, passando de 139 milhões para 1,365 mil milhões de unidades. Apesar de a isenção ter quase uma década de existência, foi alvo de escrutínio nos últimos anos devido à explosão do comércio eletrónico chinês por empresas como a Shein, a Temu e a AliExpress, parte do gigante Alibaba.
Em 2024, a China registou cerca de 23 mil milhões de dólares (22 mil milhões de euros) em exportações através de pequenas encomendas enviadas para os Estados Unidos, segundo a agência de notícias Bloomberg, que considera que este valor poderá estar subestimado, uma vez que há informações de que as empresas chinesas estão a enviar mercadorias por grosso para o México e a entregá-las em pequenas embalagens destinadas ao país vizinho.
Os retalhistas chineses realizaram campanhas de marketing digital maciças nos EUA, oferecendo um vasto inventário de vestuário, artigos domésticos e eletrónica baratos, colocando-os em concorrência direta com a Amazon, o eBay ou a Etsy.
Em resposta, a Temu apoiou os vendedores chineses na abertura de armazéns nos EUA para lhes permitir enviar produtos localmente e evitar taxas sobre as importações, enquanto a Shein abriu armazéns de distribuição e cadeias de abastecimento nos EUA.
O portal de notícias local Yicai recordou que retalhistas norte-americanos como a Amazon e a Walmart também beneficiaram deste mecanismo: por exemplo, o grupo liderado por Jeff Bezos lançou uma plataforma chamada Haul, através da qual os vendedores podem enviar produtos – todos com um preço máximo de 20 dólares (19 euros) – diretamente da China para compradores norte-americanos.
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