A ministra da Saúde considerou hoje curioso que a oposição peça a demissão dos governantes quando se verifica um problema num hospital, mas que nunca coloque em causa a boa ou má gestão dessa unidade de saúde.
“Muito curioso, sempre que há um problema num hospital pedem a demissão do ministro que está de serviço, mas nunca colocam em causa a boa ou má gestão da respetiva unidade”, afirmou Ana Paula Martins, que falava numa interpelação ao Governo promovida pela bancada do Bloco de Esquerda (BE) sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Antes da sua intervenção, Ana Paula Martins ouviu a deputada Mariana Mortágua criticar o Governo por reduzir as listas de espera à custa de um “truque contabilístico”, de entregar serviços de saúde aos privados e por falta de medidas que fortaleçam “estruturalmente a capacidade de resposta do SNS”.
Depois de reconhecer que o SNS enfrenta um problema de modernização e de gestão do SNS, Ana Paula Martins questionou os deputados: “se eu tenho de fazer escalas de urgência, pergunto, se um avião da TAP cancelar a viagem, se também há de ser culpa do ministro da tutela”.
A ministra recusou ainda qualquer intenção de desmantelamento do SNS, alegando que o Governo está a investir 350 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência na modernização tecnológica, a avançar com a construção de novos hospitais e a valorizar os salários dos profissionais de saúde.
“Nós usamos toda a capacidade instalada do SNS, até à sua última cama, até ao seu último recurso, para responder aos portugueses, mas não aceitaremos sentarmos em cima de lista de espera e deixar as pessoas deixadas à sua sorte”, afirmou a ministra.
Na abertura do debate, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, afirmou que o “SNS não melhorou nestes meses nem vai melhorar, por uma razão simples”, porque “não é esse o objetivo” do Governo.
“Porque a contínua degradação da resposta do serviço público é a condição para que se fortaleça o mercado de saúde em Portugal”, acusou a parlamentar do BE.
A deputada visou também o PS, “que achava que os excedentes orçamentais eram mais importantes que o investimento estrutural no SNS”, e por ter recusado um regime de exclusividade e a revisão das carreiras dos profissionais de saúde, assim como a “enfrentar o poder da Ordem dos Médicos”.
“Falharam e não foi por falta de aviso”, atirou Mariana Mortágua.
Já sobre o novo diretor executivo do SNS, a coordenadora do BE afirmou que Álvaro Santos Almeida, ex-deputado do PSD, chegou a ser presidente do grupo de trabalho para o turismo de saúde criado pelo anterior Governo do PSD, e que colabora regularmente com o “nada ideológico” instituto + Liberdade da IL.
Na resposta, Ana Paula Martins afirmou que “não há nada mais errado em democracia que a difamação sem comprovativos”, alegando que isso desqualifica o debate sério e não se foca nos problemas dos utentes.
“Faria algum sentido excluir um dos nossos melhores ativos em Portugal na área da gestão da Saúde, com pensamento próprio, com visão estratégica, com provas dadas, de ser diretor executivo só porque participa em iniciativas da IL”, questionou ainda a ministra.
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