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Governo moçambicano admite existência de “movimentos independentes” nos protestos

O governante moçambicano apelou para que Venâncio Mondlane, que tem estado a liderar manifestações de contestação das eleições gerais desde outubro, “dê abertura ao diálogo”, considerando-o também parte dos esforços para a unificação e pacificação do país.
7 Fevereiro 2025, 14h38

O Governo moçambicano admitiu hoje a existência de “muitos movimentos” de contestação no país independentes do comando do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, referindo, entretanto, que o político deve ser também parte do processo de pacificação de Moçambique.

“O ponto aqui é polarizar o debate. É verdade que o Venâncio é a pessoa que aparece mais, mas há de compreender agora que há muitos movimentos que acho que já são um pouco independentes da própria existência ou pelo menos independentes dos comandos do Venâncio Mondlane”, disse Inocêncio Impissa, porta-voz do Governo e ministro da Administração Estatal e Função Pública, durante uma conferência de imprensa em Maputo.

O governante moçambicano apelou para que Venâncio Mondlane, que tem estado a liderar manifestações de contestação das eleições gerais desde outubro, “dê abertura ao diálogo”, considerando-o também parte dos esforços para a unificação e pacificação do país.

“Nem ele próprio gostaria de ter, eventualmente, um país com a sua população dividida, então eu penso que o esforço de unificar, o esforço de apaziguar a situação dos moçambicanos e tornar o país novamente pacífico eu creio que devia ser também por ele feito”, referiu Impissa.

O ministro disse ainda esperar de Mondlane “muita responsabilidade e cordialidade”, além de opiniões para o desenvolvimento, crescimento e reconciliação do povo moçambicano, reiterando a abertura do executivo ao diálogo com as “diferentes forças da sociedade”.

“O que não está a acontecer e nem pode ser exigido é que o Venâncio Mondlane seja convocado [ao diálogo] como se fosse um representante de um partido, o que sabemos é que ele não é de nenhum partido”, acrescentou o porta-voz do executivo moçambicano, assinalando os encontros que o chefe de Estado, Daniel Chapo, tem tido com representantes de partidos políticos.

Durante a conferência de imprensa, o Governo admitiu ainda a ocorrência, até agora, de manifestações um pouco por todo o país, embora numa escala “muito mais reduzida”, e que têm causado danos incalculáveis, além de criarem um ambiente de pânico, terror e desconfiança entre as pessoas.

Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 9 de outubro.

Atualmente, os protestos têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

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