A Comissão Europeia está a avaliar a imposição de um limite aos preços do gás natural. Os preços na Europa atingiram máximos de dois anos esta semana, com o frio registado na Europa e com a falta de vento que tem prejudicado a produção de energia eólica, obrigando as centrais a gás a produzir mais.
Além de prejudicarem as famílias e empresas europeias, os preços também prejudicam a competitividade europeia nos mercados internacionais: como competir quando os preços de um produto são mais elevados do que os de concorrentes diretos? É que os preços do gás nos EUA são 3 a 4 vezes mais baixos face à Europa.
Agora, Bruxelas prepara um limite que será apresentado no próximo mês numa altura em que a Europa está sob pressão com as tarifas de Donald Trump, segundo o “Financial Times”.
Várias associações industriais já criticam a intenção de Bruxelas: um limite aos preços do gás irá “prejudicar a confiança” no mercado europeu (TTF, sediado nos Países Baixos), disseram numa carta à presidente Ursula von der Leyen. Por outras palavras, temem que a “comunidade global de gás” mude o foco da Europa para outros mercados com preços de referência “mais representativos”, isto é, países fora da UE.
“Acreditamos que a medida, se anunciada, irá ter mais consequências negativas para a estabilidade dos mercados europeus de energia e a segurança de abastecimento no continente”, segundo a missiva, citada pelo “FT”.
Em 2022, a UE propôs a criação de um limite semelhante, mas nunca foi aplicado, pois os preços não ultrapassaram a barreira de 180 euros por MWh.
Mario Draghi defendeu no seu plano a criação de “limites dinâmicos” para serem aplicados em situações em que os preços de gás na Europa divergiam dos preços globais.
Nesse sentido, um responsável europeu disse ao “FT” que Bruxelas está a estudar as recomendações de Mario Draghi, com medidas para limitar que os traders aumentem os preços durante o verão, altura em que os países europeus reabastecem-se-se para o inverno seguinte.
Já um diplomata europeu apontou que vários estados-membros estão “relutantes” em aplicar o limite. Antes, a Alemanha e os Países Baixos foram contra este limite.
“A Europa devia estar focada em comprar energia suficiente para a sua indústria e aquecer as casas. Criar um limite ao preço não vai resolver isso quando o problema geral é a falta de energia”, segundo Amund Vik do Euroasia Group.
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