Miguel Relvas, antigo ministro de Pedro Passos Coelho, considera que o país foi sujeito a uma “situação dispensável” acabando por ser sujeito a umas eleições antecipadas indesejáveis. Analisando o debate que ditou a queda do Governo, o antigo governante do PSD lamenta que se tenha passado mais tempo “a evitar” o chumbo da moção de confiança do que a discuti-la. “A pergunta é legítima: por que razão foi interposta a moção de confiança”?, questionou, no espaço de comentário na CNN.
“Para quê? Para se fazer este espetáculos de trade off políticos em direto? Seria dispensável. Era bom poupar os Portugueses a este triste espectáculo. Ninguém percebeu o racional por detrás de tudo isto. Sejamos claros, perderam todos”, acrescentou o social-democrata, notando que o país é atirado para eleições antecipadas “sem saber como nem porquê”. “Na política não vale tudo. Não pode valer tudo. E há algo que tem que estar acima de tudo: o interesse nacional. E não me pareceu que o interesse nacional tivesse sido considerado ao longo dos últimos tempos. É preocupante e gera perplexidade”, analisou o social-democrata.
Sublinhando que o “ambiente político está altamente degradado”, o social-democrata vaticina que as últimas semanas “não auguram nada de bom” nos próximos tempos. “Não me parece que se venha a discutir o que seja que importe ao país. Estamos numa situação crítica a nível de Europa e de mundo. E não se percebe como é possível o pais ter sido colocado nesta situação”, enfatizou.
Depois do chumbo da moção de confiança no Parlamento, a ‘bola’ está agora do lado do Presidente da República, a quem cabe dar os próximos passos, não havendo aí grande mistério, já que Marcelo Rebelo de Sousa antecipou, mesmo antes do desfecho de ontem, que novas eleições seriam ou a 11 ou a 18 de maio.
Para Miguel Relvas, o chefe de Estado “precipitou-se” ao apontar datas para o sufrágio. “Mas tem tempo para emendar a mão”, defende o antigo governante, entendo que Belém “ainda pode ter uma palavra a dizer e colocar as coisas nos eixos”. O Conselho de Estado, convocado para quinta-feira, “certamente lhe dirá que dadas as circunstâncias atuais de enorme pressão externa e de vulnerabilidade em toda a ordem internacional, não é avisado colocar Portugal no trilho da instabilidade. Veremos se ainda há adultos na sala”, conclui Miguel Relvas.
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