A Geração Z, composta por pessoas nascidas entre os anos 1990 e 2010, considera muito pouco atrativa a indústria transformadora. Com efeito, apenas 7% dos inquiridos no âmbito do estudo “Geração Z no Mercado de Trabalho”, realizado pela Michael Page e cujas conclusões o Jornal Económico avança hoje em primeira mão, mostra simpatia por um emprego na indústria. Um número que cresce para 18% quando se trata da faixa entre os 40 e os 64 anos.
Numa altura em que a Geração Z caminha para ser um quarto da força de trabalho nos países da OCDE, Portugal incluído, e tanto se fala de reindustrialização, uma tal conclusão não deixará de provocar algum sobressalto nas empresas.
Os pós-millenial, também são conhecidos assim, primeiro nativos digitais a entrar no mercado de trabalho preferem outras áreas: a saúde é mais procurada. Cerca de 10% da Geração Z trabalha, aliás, neste setor, contra cerca de 6% dos profissionais com mais de 40 anos.
Segundo o estudo, no geral, cerca de 25% dos Z têm contratos a termo certo ou temporários ou são freelancers, contra cerca de 21% dos profissionais com idades entre os 30 e os 64 anos.
O estudo da empresa de recrutamento especializado incidiu sobre as motivações dos jovens profissionais no mercado de trabalho, o que permite traçar um perfil que valoriza, desde logo, o salário, mas também fatores como a flexibilidade e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
Para 15% dos jovens profissionais, o salário é o fator número um na ponderação de um emprego (contra 8% dos profissionais com mais de 50 anos) e mais de metade (54%) procuram um novo emprego por estarem descontentes com o seu salário atual.
Outras motivações para mudar de trabalho prendem-se com a procura de horários de trabalho mais flexíveis e com o descontentamento no equilíbrio entre a vida pessoal e profissional: 20% contra 14% dos profissionais com mais de 40 anos.
Outra das conclusões é o modelo de trabalho em si mesmo. Quase um terço dos colaboradores da Geração Z trabalha hoje com mais frequência no escritório do que há 12 meses, e alguns (9%) consideram que o trabalho presencial traz oportunidades de progressão na carreira, aprendizagem, colaboração e socialização.
O bem-estar físico e mental é muito valorizado pelos mais jovens profissionais do mercado. Quando questionada sobre a sua maior prioridade no trabalho, a Geração Z escolhe o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional (36%). Depois, a saúde mental (20%), a realização profissional (19%) e só depois o bom salário (15%). Em contraste, 28% dos profissionais com idades entre os 50 e os 64 anos, valorizam a realização profissional acima de tudo, com apenas 16% a considerar a saúde mental o fator mais importante.
Defensores da igualdade, os Z procuram ambientes de trabalho que considerem a diversidade como um aspeto prioritário e promovam a inclusão. À semelhança dos colegas com idades entre os 30 e 40 anos, mais de um quarto (28%) dos profissionais Z diz que eliminar a disparidade salarial entre homens e mulheres é a sua maior prioridade no que toca à diversidade, equidade e inclusão.
Para Jessica Mendes Ferreira, senior manager na área de Healthcare da Michael Page, num mercado de trabalho altamente competitivo, compreender as expectativas da Geração Z é essencial para atrair e reter talento. “Esta geração valoriza a flexibilidade laboral, o bem-estar e um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional. Além disso, dá prioridade a iniciativas sólidas de DE&I, a um propósito claro no trabalho e a oportunidades contínuas de aprendizagem e crescimento”.
A responsável da Michael Page deixa algumas pistas a empresários e gestores para melhor lidarem com os Z: “Para motivar e envolver estes profissionais desde o primeiro dia, as empresas devem investir em estratégias eficazes, como um onboarding digital envolvente, o acesso a tecnologias inovadoras, uma cultura de feedback e reconhecimento, percursos de progressão de carreira estruturados e programas de mentoria personalizados. Mas acima de tudo, é fundamental construir um ambiente de trabalho autêntico, transparente e alinhado com os seus valores, onde sintam que fazem parte de algo maior. Só assim será possível captar o seu entusiasmo, compromisso e vontade de inovar.”
METODOLOGIA
O estudo “Geração Z no mercado de trabalho: Como atrair e reter talento jovem”, em torno das tendências e valores de trabalho da Geração Z e os desafios que representam para as empresas e o futuro do seu negócio, faz parte da análise anual Talent Trends de 2024, um estudo global completo conduzido pelo PageGroup que inquiriu cerca de 50 mil profissionais qualificados, incluindo Portugal.
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