Governo espanhol vai exigir responsabilidades às empresas responsáveis pelo apagão

O Governo espanhol vai exigir responsabilidades às empresas responsáveis pelo apagão ibérico, anunciou hoje o primeiro-ministro do país vizinho.

“Isto não pode voltar a acontecer”, afirmou hoje Pedro Sanchez em conferência de imprensa.

“O Governo de Espanha vai chegar ao fundo deste assunto, vão fazer-se reformas e tomar as medidas necessárias para que isto não volte a acontecer. E evidentemente vamos a exigir responsabilidades pertinentes aos operadores privados”, acrescentou.

O governante também destacou que os técnicos da Red Elétrica espanhola continuam a fazer as suas análises. “Em paralelo, as empresas privadas produtoras de eletricidades estão a levar a cabo a análise das suas telemetrias nos seus centros de gestão e de produção, o que nos vai permitir conhecer com maior detalhe o que se passou nos 5 segundos que precipitaram a queda do sistema”.

A Red Eléctrica de Espanha, a gestora da rede no país vizinho, rejeitou hoje a possibilidade de um ciberataque. Nem ciberataque, nem erro humano, nem fenómeno meteorológico, nem fenómeno atmosférico, segundo a entidade gestora espanhola.

A companhia aponta para dois episódios de “desligamento de produção”, possivelmente na produção de energia solar fotovoltaica no sudoeste de Espanha, escreve o “El Pais”, onde estão localizada a comunidade autónoma da Andaluzia, uma localização privilegiada de centrais solares.

“Evento compatível com perda de produção no sudoeste do sistema elétrico espanhol”, segundo a Red Eléctrica.

A vida de todos os habitantes da Península Ibérica mudou em apenas cinco segundos. No primeiro evento, o sistema aguentou e geriu a perda de produção elétrica, mas 1,5 segundos depois, novo evento e foi-se tudo abaixo: “o sistema elétrico espanhol não conseguiu recuperar”, tendo-se desligado as interligações com França, deitando abaixo a sustentabilidade do sistema elétrico espanhol, disse hoje o diretor de Operações da Red Elétrica de Espanha, Eduardo Prieto.

A empresa espanhola conseguiu ir buscar eletricidade aos seus vizinhos Marrocos e França para arrancar novamente com a produção de eletricidade e para o sistema arrancar com segurança total.

“Quando se produziu o incidente, todos os esforços foram dedicados à reposição do serviço. A identificação de onde se produziram os dois primeiros eventos de produção, faremos de forma exaustiva com toda a informação”, afirmou, citado pelo “OK Diario”.

O Governo espanhol está reunido esta manhã, num conselho de ministros presidido pelo rei Filipe VI.

Depois do pico da manhã em Espanha com mais de 28,6 gigawatts de consumo, pelas 8h35 de Madrid, o pico noturno deverá ter lugar às 21h10 com mais de 31 gigas.

Um empresário português do sector energético já tinha avançado que a possibilidade de blackout deveria ter tido origem nas novas centrais solares em Espanha, que querem ligar-se à pressa para vender eletricidade, tal como escreveu hoje o JE.

Blackout? Há quem aponte o dedo às centrais solares espanholas