A OpenAI anunciou na segunda-feira que ia continuar a ser controlada por uma organização não lucrativa, depois de meses a investir em um plano para se tornar uma entidade com fins lucrativos.
A OpenAI é a criadora do ChatGPT e de outros produtos da inteligência artificial (IA).
“Decidimos que a não lucrativa (OpenAI Nonprofit) ia continuar a controlar depois de ouvirmos líderes cívicos e termos tido conversações com os procuradores-gerais (dos Estados) da Califórnia e do Delaware”, disse o presidente executivo da empresa, Sam Altman, em carta aos trabalhadores.
Altman e o presidente da administração da OpenAI Nonprofit, Bret Taylor, informaram que a administração decidiu que esta mantivesse o controlo da OpenAI.
Aquela já tem um ramo comercial, mas este deve ser convertido em uma designada empresa de interesse publico (‘public benefit corporation’), “que tem de considerar os interesses tanto dos acionistas como a sua missão”, disse Taylor.
Contudo, este declinou na segunda-feira avançar qual seria a dimensão da participação que a OpenAI Nonprofit teria na nova empresa de interesse público.
Este tipo de empresa foi criado no Delaware em 2013. Outros Estados adotaram a mesma lei ou similares, a quais requerem que as empresas pretendam a obtenção de lucros, mas também a prestação de um serviço público.
Estas empresas, exemplificadas pelo Amalgamated Bank e pela plataforma de formação em linha Coursera, têm de definir este bem social.
Altman adiantou que passar de uma empresa com responsabilidade limitada para uma de interesse público “configura uma estrutura mais compreensível para fazer as coisas que uma empresa da nossa dimensão tem de fazer”.
Adiantou também que “há muito mais procura para usar os instrumentos da IA do que pensávamos que ia haver”.
Obter acesso a mais capital facilitaria a OpenAI fazer fusões e aquisições “e outras coisas normais que as empresas fazem”, acentuou Altman.
Porém, contrapôs, se a OpenAI fosse “uma empresa normal”, seria “mais fácil” obter financiamentos, mas, dada a sua missão, “não queremos ser uma empresa normal e acreditamos que isto está bem acima do limiar necessário para obter fundos”.
Como acentuou, “existem muitos investidores que pensam que a OpenAI é um grande negócio, mas não querem saber ou não apreciam a nossa missão e, sabem?, estamos felizes por não ter o dinheiro deles”.
Os cofundadores da OpenAI, incluindo Altman e Elon Musk, começaram-na como um laboratório de investigação não-lucrativo, com a missão de construir, de forma segura, a inteligência artificial geral, para benefício da humanidade.
Uma década depois, a OpenAI reporta um valor de mercado de 300 mil milhões de dólares e tem 400 milhões de utilizadores semanais do produto emblemático, o ChatGPT.
A OpenAI revelou no ano passado planos para alterar a sua estrutura, mas enfrentou um conjunto de problemas.
Um foi um processo judicial, apresentado por Musk, que acusa a empresa e Altman de traírem os princípios fundadores. Um juiz federal na semana passada rejeitou algumas das queixas de Musk, mas aceitou outras, que vão seguir para julgamento a decorrer em 2026á
Por outro lado, também a justiça na Califórnia, onde tem o quartel-general, em San Francisco, e no Delaware, onde está sedeada, a escrutina.
O procurador-geral da Califórnia disse, em comunicado, que está a analisar o plano da empresa, que está a ser “um assunto em progressão, com conversações permanentes com a Open AI”.
Vários advogados, incluindo de antigos empregados e outas entidades não lucrativas, solicitaram ao procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, e à do Delaware, Kathy Jennings, que usem a autoridade que têm para proteger o caráter de interesse público da OpenAI e bloqueiem a sua reestruturação.
Alguns estão preocupados se o fabricante do ChatGPT cumprir a sua ambição de construir uma IA que supere os humanos, e deixar de ser responsável pela sua missão pública de impedir que a tecnologia cause danos dolorosos.
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