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Três grandes portugueses surgem no Top 5 europeu nos superavits gerados por transferências

Benfica, Porto e Sporting ocupam o 1º, 3º e 5º lugar no futebol europeu ao nível dos superavits gerados pelas compras e vendas de jogadores, assinala análise da Morningstar DBRS.
6 Maio 2025, 15h15

A Morningstar DBRS analisou a liquidez dos clubes europeus de futebol. Nesse particular Benfica, Porto, e Sporting aparecem no Top 5 dos clubes que geraram mais superavit com a venda e compra de jogadores. A análise avalia ainda as injeções de capital por parte dos proprietários dos clubes onde, no caso do PSG e do Manchester City, tem contribuído para as valorizações dos respetivos clubes. É ainda destacada a importância das academias na geração de liquidez para os clubes.

O relatório indica que a avaliação da liquidez para os grandes clubes europeus incorpora a sua capacidade de gerar fluxo de caixa ao nível das suas operações, que inclui a “geração de fluxo de caixa através das transações efetuadas ao nível das compras e vendas no mercado de jogadores” bem como com a “capacidade do proprietário em apoiar o clube seja por via de empréstimos dos acionistas ou através da injeção de capital”.

A Morningstar DBRS, referindo-se aos clubes de nível médio na Europa, no que concerne à avaliação da sua liquidez, sublinha que estes clubes seguem a mesma abordagem dos grandes clubes, contudo o fluxo de caixa gerado pelas operações “não é considerado uma fonte significativa” de liquidez.

Para estes clubes, refere a Morningstar DBRS, o foco está no alcançar de um “equilíbrio neutro ou modestamente positivo” ao nível do fluxo de caixa das operações, “através da disputa das grandes competições e também sem entrarem em gastos excessivos” ao nível dos salários pagos aos jogadores. O relatório acrescenta que para estes clubes o investimento efetuado nos jogadores é “a fonte mais significativa” de liquidez, tendo em conta que procuram “recrutar ou desenvolver jogadores mais jovens que tenham potencial” com o objetivo de depois os venderem a outros clubes.

Na análise feita pela Morningstar DBRS, no que diz respeito ao fluxo de caixa gerado pelas operações, é sublinhado que os principais clubes europeus podem gerar “receitas substanciais” através de vários meios com as receitas angariadas no dia do jogo, as receitas comerciais, e os direitos ligados aos media.

“Mas para gerar fluxo de caixa de operações os clubes têm de gerir as suas despesas operacionais, sendo que muitas delas estão relacionadas com os salários dos jogadores. Uma gestão prudente dos salários dos jogadores pode ser desafiante porque frequentemente os grandes clubes pagam grandes salários aos principais jogadores com o intuito de atingirem a excelência desportiva, algo que pode aumentar as suas receitas”, refere a Morningstar DBRS.

A Morningstar DBRS salienta que “historicamente a maioria dos clubes têm sacrificado possíveis lucros para atingir sucesso, mas as regras da UEFA referentes ao fair play financeiro introduziram disciplina ao nível da despesa”.

Os dados da Morningstar DBRS destacam que as receitas dos principais clubes estão a “crescer a um ritmo mais rápido” do que as despesas alocadas aos salários dos jogadores, o que resultou numa melhoria dos fluxos de caixa de operações e também nos lucros”.

Mercado de transferências tem sido importante fonte de liquidez

Ao nível dos gastos de capital com jogadores, a análise da Morningstar DBRS diz que as janelas de transferências têm sido oportunidades para os clubes venderem ou comprarem jogadores. “O investimento líquido em jogadores nas janelas de transferência é uma importante fonte de liquidez pra os clubes”, salienta a análise.

Os dados da Morningstar DBRS indicam que o Benfica, o Ajax, e o Porto, foram os clubes que geraram os maiores superavits no que diz respeito à compra e venda de jogadores, com resultados positivos de 258, 206,5, e 160 milhões de euros, nas últimas cinco épocas. Na lista segue-se o Vilarreal, Sporting, Watford, Lille, Red Bull Salzburg, Sazzolo, e Genk.

A Morningstar DBRS assinala que os clubes de dimensão média, que “tenham fortes academias, desenvolvem jogadores jovens talentosos e depois acabam por os transacionar para clubes com maior dimensão, gerando fluxos de caixa de modo a dar resposta a necessidades” de liquidez.

“Na temporada de 2024–25, o Benfica vendeu jogadores da academia, como António Silva e João Neves, por 59 e 45 milhões de euros, gerando entradas de dinheiro de 104 milhões. De modo similar, o Vilarreal teve entradas de dinheiro de 44,5 milhões com a venda de produtos da academia como Filip Jörgensen e Álex Baena”, explica a Morningstar DBRS.

Injeções de capital dos proprietários têm aumentado valor dos clubes

A análise da Morningstar DBRS contempla ainda os empréstimos dos acionistas dos clubes e as injeções de capital. Um dos casos utilizados foi o do Lyon que recebeu uma injeção de capital de 84 milhões de euros por parte do seu proprietário o Eagle Football Holdings (EFH).

“Isto seguiu-se ao anúncio do regulador francês de novembro de 2024 que esperava que o Lyon acabasse o ano fiscal de 2025 com um défice. A injeção de capital por parte do proprietário do Lyon segue a mesma abordagem de outros donos de outros clubes, como por exemplo o Manchester City. Nesse sentido colocamos o suporte dos proprietários dos clubes como uma das métricas para avaliar a liquidez dos clubes”, explica a Morningstar DBRS.

“Tipicamente os proprietários são incentivados a suportar os seus clubes quando o montante de dívida em comparação com a avaliação do clube é pequena. Esta tendência tem sido intensificada devido ao crescimento gradual nas avaliações dos clubes. O City Football Group (CFG) adquiriu o Manchester City por 200 milhões de libras (236 milhões de euros) em 2008. Subsequentemente o CFG injetou 1,3 mil milhões de libras (1,5 mil milhões de euros) para suportar o Manchester City. Desde aí a avaliação do Manchester City subiu para os 4,1 mil milhões de libras (4,8 mil milhões de euros). Similarmente desde a aquisição do Paris Saint-Germain (PSG) em 2011, o Qatar Sports Investments injetou mais de mil milhões de euros (1,1 mil milhões de euros) no clube para suportar a sua situação financeira. A avaliação corrente do PSG é de 3,4 mil milhões de libras (quatro mil milhões de euros)”, salienta a Morningstar DBRS.

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