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Fed mantém juros inalterados apesar da pressão de Trump

As taxas de referência na maior economia do mundo permanecem assim entre 4,25% e 4,5% apesar dos comentários repetidos do presidente Trump advogando cortes de juros, Segundo os analistas, o banco central pode mostrar ainda mais resistência a descidas para evitar parecer permeável a influências externas.
FILE PHOTO: Federal Reserve Board Chairman Jerome Powell holds a news conference after Powell announced the Fed raised interest rates by three-quarters of a percentage point as part of their continuing efforts to combat inflation, following the Federal Open Market Committee meeting on interest rate policy in Washington, U.S., November 2, 2022. REUTERS/Elizabeth Frantz/File Photo
7 Maio 2025, 19h00

Apesar da pressão vinda da Casa Branca para cortar taxas, a Reserva Federal manteve os juros diretores norte-americanos inalterados entre 4,25% e 4,5% na reunião de maio, em linha com o esperado. O crescimento desiludiu no arranque do ano e a expectativa quanto à inflação é que volte a acelerar nos próximos meses, obrigado o banco central a uma prudência redobrada.

O mercado atribuía 97% de probabilidades a este desfecho para a reunião concluída esta quarta-feira, isto apesar de o primeiro trimestre do ano ter arrancado com crescimento negativo e das tentativas pelo presidente Trump de influenciar a tomada de decisão do banco central. Ainda assim, e reconhecendo o aumento da incerteza, o comunicado do banco central defende que “a atividade económica continuou a expandir a um ritmo sólido”.

“O Comité está atento aos riscos de ambos os lados ao seu mandato duplo e considera que os riscos de mais desemprego e mais inflação aumentaram”, lê-se na nota. O emprego continua, por enquanto, a mostrar sinais de vitalidade, enquanto a inflação “continua algo elevada”, linguagem semelhante à utilizada em comunicados anteriores. Nova foi a menção à “incerteza sobre as perspetivas económicas”, bem como a referência às “oscilações nas exportações líquidas” que “afetaram os dados” mais recentes.

As atenções do mercado estarão agora viradas para a conferência de imprensa de Jerome Powell, onde analistas e investidores procurarão sinais de quando poderão chegar os primeiros cortes de juros. Na reação à decisão desta quarta-feira, o Dow Jones

Já na campanha eleitoral Trump havia sugerido várias vezes que poderia despedir o presidente da Fed, com quem chocou em diversos episódios no seu primeiro mandato. Regressado à presidência, Trump manteve o tom, sugerindo que a decisão de não cortar taxas nas reuniões deste ano se devem a uma suposta animosidade dos líderes da Reserva Federal para consigo, mas ressalvou recentemente que não planeia afastar Powell.

“Porque é que faria isso? Vou poder substituí-lo em pouco tempo”, disse em entrevista no passado fim-de-semana à NBC News. Ainda assim, as afirmações a procurarem condicionar a política monetária mantiveram-se, com o presidente a defender que os juros diretores deveriam ser cortados, mas Powell “prefere não o fazer porque não gosta de mim”. “Ele não gosta de mim porque é um perfeito totó”, completou.

Os analistas concordam que comentários destes reforçam a postura hawkish da Fed, que deverá resistir ainda mais a descer os juros de forma a evitar qualquer ideia de que é permeável a pressões exteriores.

Por outro lado, o crescimento desiludiu no primeiro trimestre, com o PIB a recuar 0,3% em termos anualizados – embora esta descida tenha sido motivada sobretudo pelas importações, que dispararam com a tentativa de inúmeros empresários norte-americanos de anteciparem compras ao exterior. Tal aumenta a urgência em cortar taxas nos EUA, mas as perspetivas quanto à inflação tornam essa tarefa mais difícil.

Mesmo que a política comercial norte-americana volte a uma situação de tarifas em linha com o praticado antes do anúncio de Trump, os efeitos nos preços para os consumidores da maior economia do mundo deverão ser inevitáveis, apontam vários economistas e instituições. Como tal, e como Powell tem vindo a sublinhar, o banco central quererá ver mais progresso do lado da inflação antes de ter a certeza que pode avançar com a normalização da política monetária.

[notícia atualizada às 19h14]

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