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Jubilação “é um erro” que afasta profissionais altamente experientes do mercado de trabalho

“Estes conceitos de ‘velho’ e ‘novo’ são muito relativos”, resumiu o advogado e professor Eduardo Paz Ferreira, argumentando que o conhecimento e experiência destes profissionais deveria ser aproveitada e transmitida às gerações mais novas.
15 Maio 2025, 12h27

O aumento da esperança média de vida e da longevidade não têm sido acompanhados por um ajustamento no limite etário na função pública, onde trabalhadores especializados e com elevada experiência são obrigados a reformar-se aos 70 anos. Neste paradigma de maior qualidade de vida em idades avançadas, seria benéfico tanto para os profissionais, como para as empresas poder continuar a contar com a sua expertise, mesmo que em papeis de menor responsabilidade ou exigência, até para reforçar a partilha de informação que serve de base a tantas profissões.

Esta foi uma das ideias defendidas por Eduardo Paz Ferreira, advogado e professor universitário, na conferência ‘Zona de Impacto’ promovida esta quinta-feira pelo Jornal Económico e o novobanco na Universidade Católica Portuguesa sobre ‘O elixir da juventude: como as empresas podem aproveitar a experiência’.

Para o professor, a jubilação acaba por se revelar “um erro fatal” ao considerar que “quem tem mais de 70 anos não tem condições para trabalhar”, uma conclusão acrítica e baseada apenas no fator idade. Isso faz com que “grandes profissionais como médicos, advogados, arquitetos sejam afastados” de forma precoce, muitas vezes em fases da sua vida em que poderiam continuar a contribuir e a ter um papel relevante no tecido produtivo.

“Estes conceitos de ‘velho’ e ‘novo’ são muito relativos”, resumiu. Por outro lado, a ideia vigente é frequentemente de que estas gerações competem entre si, em vez de se entreajudarem, o que cria fricções e torna “difícil conseguir um acordo”.

Um dos setores onde esta dinâmica é particularmente evidente (e, pela sua formação, um dos setores que lhe é mais caro) é o da advocacia e do direito. Neste caso, uma atividade intensiva em conhecimento, uma das soluções poderia passar por “tentar aproximar uns e outros [idosos e jovens], chamando os idosos para consultor […] a quem os jovens pudessem recorrer com questões que pudessem ter a ver com a prática”.

E, apesar dos custos salariais acrescidos que estes trabalhadores representam, Paz Ferreira diz-se “convencido que muitos advogados mais idosos estariam disponíveis para outros níveis de salário” numa nova função de consultores, até porque há a noção “que uma consulta não é um trabalho diário no escritório”.

Num ramo em que a partilha de informação é cada vez mais importante, mas, por vezes, também cada vez menos uma realidade diária das sociedades, os benefícios seriam múltiplos, rematou.

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