Luís Marques Mendes, candidato pelo PSD à Presidência da República, disse no podcast “Política com Assinatura” da Antena 1, que “tratar eleitores do Chega como perigosos fascistas é uma estupidez”.
Marques Mendes defende que “tem de haver diálogo institucional com o Chega”, partido que tem 58 deputados e tudo aponta que o empate com o PS acaba com os votos da emigração a seu favor.
“Tratar eleitores do Chega como extremistas, radicais e fascistas é estupidez”, sublinhou.
Destas eleições, Marques Mendes tira diversas lições. Uma delas é que o país precisa de um projeto de transformação, e na ausência desse projeto “há um risco sério de, nas próximas eleições, o Chega ganhar”.
“Convém pensar nisto, antes que seja tarde”, acrescenta.
O antigo Presidente do PSD avisa que é preciso uma nova abordagem com o partido de André Ventura. “Aquilo que tem vindo a ser feito, ao longo destes anos, é tratar os eleitores do Chega quase como perigosos extremistas, como perigosos radicais, quase como fascistas”, afirma.
E remata: “isto não é correto, isto é uma estupidez”.
Em entrevista ao podcast da Antena 1 “Política com Assinatura”, o histórico social-democrata afirma que o resultado eleitoral tem implicações “quer na articulação para a designação de vários cargos exteriores ao Parlamento, quer noutras matérias”.
O facto de, pela primeira vez em 50 anos de democracia em Portugal, o PS não alcançar nem o primeiro nem o segundo lugar no Parlamento, leva Marques Mendes a defender um “diálogo institucional com o Chega”.
“Se houver juízo, se houver bom senso, e se o futuro Presidente da República ajudar à séria, acho que podemos ter um Governo de legislatura”, acredita Luís Marques Mendes.
O político avisa que não havendo maioria absoluta ainda existe o “risco da crise, o risco de os orçamentos chumbarem, e o risco de voltarmos à bomba atómica o que é absolutamente inadmissível”. Pede por isso um acordo entre AD, PS e Chega para evitar moções de confiança e de censura e para negociar Orçamentos do Estado.
O candidato à Presidência da República defende diversos entendimentos parlamentares entre os três principais partidos. Desde logo para a escolha do próximo Presidente da Assembleia da República e depois para a aprovação do programa do Governo. O candidato a Presidente da República, diz mesmo que “se o Partido Socialista inviabilizar a passagem do Governo comete mais um suicídio político”.
Para Luís Marques Mendes o resultado das eleições de domingo traz consigo uma reconfiguração do sistema partidário, fala mesmo do Chega como um tsunami. No entanto acredita que o PSD não deve ter medo de ser colapsado pelo Chega.
Por outro lado destaca com ironia: “o Chega foi criado na perspectiva de destruir o PSD e o Partido Socialista até andou a incentivá-lo durante muito tempo convencido de que isso prejudicaria o PSD, mas, ironicamente quem foi destruído foi o PS”.
O candidato a Presidente da República considera que os eleitores do Chega não são fascistas. Estão é zangados e insatisfeitos com os partidos, e dá dois exemplos regionais que demonstram isso.
Se em futuras eleições o Chega fizer parte de um Governo de coligação, e se Luís Marques Mendes for Presidente da República, o social-democrata garante que indigitará esse Governo que inclua o partido de André Ventura. Não dar posse, diz, seria um “golpe de Estado constitucional”. Mas adianta que exigiria um acordo escrito dessa coligação “por uma questão de segurança e de transparência”.
Novo Governo? Montenegro deve escolher o meio termo
Sobre o que deve ser o novo Governo da AD, Marques Mendes considera que Luís Montenegro não deve fazer uma mudança total dos ministros, mas também não pode pensar numa mini remodelação porque “isso vai desiludir e frustrar as expectativas” da sociedade.
Por outro lado chama “Idiotas úteis” ao Partido Comunista e ao Bloco de Esquerda por terem participado na geringonça de António Costa. O social-democrata entende que ambos os partidos perderam e Costa ganhou.
Nestas eleições o PS foi alvo de “uma fúria anti-PS”, não apenas culpa de Pedro Nuno Santos, mas também porque António Costa teve uma maioria absoluta e “não fez nada com ela”.
Revisão da Constituição não faz falta
Para Marques Mendes a revisão da Constituição é uma falsa questão e não faz falta. Em entrevista ao podcast da Antena 1 “Política com Assinatura” o candidato a Belém considera que “não é uma prioridade política”, porque todas as reformas podem ser feitas mesmo sem uma alteração da constituição.
O antigo líder do PSD mostrou-se ainda surpreendido com o calendário escolhido por Henrique Gouveia e Melo para apresentar a sua candidatura à Presidência da República, em vésperas das eleições legislativas. Acusa o Almirante de se contradizer por diversas vezes. Contradições que são resultado, afirma, da falta de experiência política.
Marques Mendes considera mesmo que Gouveia e Melo pode ser um risco para a democracia por falta dessa experiência política e desafia o Almirante a começar a mostrar aquilo que é o seu pensamento político e esclarecer o país sobre a derrota em Tribunal no caso dos marinheiros do navio Mondego.
Nesta entrevista Marques Mendes adiantou o modelo de Presidente da República que pretende para o seu mandato, caso vença as eleições. Pretende ter uma intervenção ativa. Mais do que um árbitro, quer ser um “mediador de entendimentos de regime”, um impulsionador e um pacificador.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com