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Polícia alemã alerta para crescimento dos círculos juvenis de extrema-direita

As autoridades alemãs alertaram para o aumento da radicalização dos jovens nos círculos da extrema-direita do país e destacou o papel da Internet nessa expansão extremista.
24 Maio 2025, 12h42

As autoridades alemãs alertaram este sábado para o aumento da radicalização dos jovens nos círculos da extrema-direita do país e destacou o papel da Internet para a expansão dessas redes extremistas. “Há aproximadamente um ano que observamos que cada vez mais jovens com ideais de extrema-direita se radicalizam e formam, ocasionalmente, grupos bem organizados para cometer delitos graves”, declarou o diretor da Oficina Federal de Investigação Criminal (BKA) da Alemanha, Holger Muench.

Em declarações a órgãos de comunicação do grupo editorial Funke, citadas pela agência de notícias espanhola EFE, o diretor da BKA destacou o papel cada vez mais importante da Internet para a extrema-direita criar redes. “A radicalização, o recrutamento e a mobilização acontecem cada vez mais através das redes sociais e dos fóruns de extrema-direita”, sublinhou Muench.

O elevado número e a gravidade dos delitos motivados pela extrema-direita são um “grande desafio” para os organismos de segurança, que respondem com uma maior vigilância, acrescentou. Holger Muench realçou ainda que abordar esta questão não é responsabilidade exclusiva da polícia, mas um desafio que requer um esforço conjunto de todos os setores da sociedade para prevenir atos violentos graves.

No início desta semana, a Procuraria Federal alemã lançou uma operação contra uma célula extremista de extrema-direita acusada de planear ataques violentos contra imigrantes. Cinco adolescentes suspeitos, com idades entre os 14 e os 18 anos, foram detidos em ações coordenadas. Estão acusados de integrar, ou, num caso, de apoiar, um grupo que se autodenomina ‘A última vaga de defesa’. Segundo a Procuradoria, o referido grupo tinha como objetivo desestabilizar o sistema democrático alemão através de atos de violência contra emigrantes e opositores políticos.

Entretanto, a suspeita de um ataque com faca na estação central de comboios de Hamburgo, que causou 18 feridos, tem “indícios muito concretos de uma doença mental”, disse a polícia alemã, afastando novamente a hipótese de motivações políticas. “Não há indícios de que a suspeita estivesse sob o efeito de substâncias psicotrópicas (álcool e drogas) no momento do incidente”, acrescentou a polícia em comunicado, sem acrescentar mais pormenores sobre o seu historial psiquiátrico.

Deste ataque, que ocorreu na estação central de comboios de Hamburgo, no norte da Alemanha, a uma hora de bastante movimento, resultaram 18 feridos entre os passageiros que aguardavam pelo comboio numa das plataformas. Das 18 vítimas, com idades compreendidas entre os 19 e os 85 anos, sete sofreram ferimentos ligeiros e quatro ferimentos considerados muito graves, segundo o último relatório divulgado pela polícia.

Entre estes quatro feridos mais graves, cujo quadro clínico é agora classificado como estável, estão uma mulher e um homem de 24 anos, uma mulher de 52 anos e uma outra de 85 anos de idade. A suspeita, uma alemã de 39 anos, foi detida pouco depois, não tendo oferecido qualquer resistência. Deverá ser hoje ouvida por um juiz, que poderá decidir pelo seu internamento num hospital psiquiátrico.

Nos últimos meses, a Alemanha assistiu a uma série de esfaqueamentos mortais que chocaram o país, bem como a ataques motivados por extremistas islâmicos e violência de extrema-direita que trouxeram à ribalta as questões de segurança e da imigração. No sábado passado, quatro pessoas ficaram feridas num ataque com faca no oeste do país. O presumível autor foi um sírio de 35 anos detido pelas autoridades, que suspeitam de um ataque com motivações islamitas. O homem atacou um grupo de pessoas à porta de um bar no centro de Bielefeld, antes de fugir.

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