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Quase dois terços do malparado em Portugal tem origem em crédito a empresas, diz DBRS

“A melhoria das condições económicas está a contribuir para a redução de NPL” em Portugal, salientou a agência de rating, DBRS. Tecido empresarial foi quem mais contribuiu para os elevados níveis de NPL registados no sistema bancário nacional, responsável por “quase dois terços da totalidade de crédito malparado”.
8 Abril 2019, 07h44

No panorama financeiro, a agência de rating canadiana, DBRS, reconheceu que os “riscos para a estabilidade financeira estão descer gradualmente”, embora também assuma que os “elevados níveis de crédito malparado e da dívida do tecido empresarial ainda constituem riscos para a estabilidade financeira”.

Com base em dados divulgados pelo Banco de Portugal, a DBRS reconheceu que o rácio de non-performing loan (NPL) que, segundo a Autoridade Bancária Europeia (EBA), corresponde ao montante de empréstimos não produtivos em relação ao total de empréstimos concedidos, caiu 8,5 pontos base em 18 meses, para 9,4% em 2018.

Neste domínio, a DBRS notou que o tecido empresarial português foi quem mais contribuiu para os elevados níveis de NPL registados no sistema bancário nacional, responsável por “quase dois terços da totalidade de crédito malparado”. No seu conjunto, o NPL das empresas portuguesas manteve-se “elevado”, fixado em 18,5%, mas abaixo dos 30% verificados em 2016.

“A melhoria das condições económicas está a contribuir para a redução de NPL” em Portugal, salientou a agência de rating.

A recuperação da banca nacional também foi destacada pela DBRS que, assinalou, “está em melhor posição”.

“Excluindo o Novo Banco, os bancos mantiveram-se rentáveis (gerando lucros) desde 2017. A rentabilidade da banca é suportada por um contexto operacional mais favorável, menor custos relacionados com o risco, e a subida estável dos preços no mercado imobiliário”, notou a agência canadiana.

A DBRS reconheceu que a exposição dos bancos a operar em Portugal ao mercado imobiliário constitui “quase 40% da totalidade dos ativos”. No entanto, a agência de rating alertou que, uma “forte subida dos preços das casas poderá ser um motivo de preocupação” embora “o aumento dos preços tenha ‘esfriado’ em 2018”.

Em relação à dívida das empresas nacionais que, no pico de 2013, era de 142% do PIB, caiu para 101% do PIB no terceiro trimestre de 2018, reconheceu a DBRS.

Na sexta-feira passada, dia 5, a DBRS manteve a notação da dívida soberana portuguesa em ‘BBB’, mas subiu a perspetiva de ‘estável’ para ‘positiva’.

Em 2018, o rácio de malparado bruto ficou abaixo dos 10%

Na publicação “Desenvolvimentos recentes do sistema bancário”, o Banco de Portugal anunciou que, no ano passado, o rácio de NPL, antes de imparidades, sobre o total da carteira de crédito dos bancos, manteve a tendência decrescente.

No final de 2018, o rácio de NPL fixou-se num valor abaixo dos 10% (9,4%), o que configura uma redução trimestral de 1,9 pontos percentuais.

Portugal situa-se assim perto de Itália, cujo rácio de NPL está nos 9,5%, e longe dos piores países em termos de crédito malparado, a Grécia com um rácio de cerca de 40% (segundo dados de setembro) e do Chipre que nesse mês apresentava uma rácio de malparado a rondar os 20%. Portugal está assim ainda na cauda da Europa no que toca ao stock de crédito improdutivo. O rácio de NPL médio da Europa (dados de setembro) era de 4,5%.

No entanto o Banco de Portugal salienta este marco histórico de, desde junho de 2016, o rácio de malparado bruto sobre o total da carteira de crédito estar pela primeira vez abaixo dos 10%. Este rácio de NPL de 9,4% continua no entanto muito longe da meta da EBA, Autoridade Bancária Europeia, que exige aos bancos um rácio de 5% de NPL.

O volume de NPL em junho de 2016 era de 50.459 milhões de euros e em dezembro de 2018 era cerca de metade, 25.850 milhões (reduziu-se 24,6 mil milhões nesse horizonte temporal). Face a dezembro de 2017, quando os empréstimos non-performing (valor bruto) eram de 37.001 milhões, caiu 11.151 milhões.

https://jornaleconomico.pt/noticias/dbrs-mantem-rating-de-portugal-mas-sobe-outlook-para-positivo-430730

 

 

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