O Banco de Moçambique prevê um crescimento económico “moderado” no país nos próximos meses devido à reposição gradual da capacidade produtiva e de logística, após a destruição registada durante as manifestações pós-eleitorais.
Excluindo o setor de Gás Natural Liquefeito (GNL), que progressivamente está a afirmar-se como o principal produto de exportação de Moçambique, o banco central assume no recente relatório de conjuntura económica, consultado hoje pela Lusa, que “se perspetiva um crescimento económico moderado” nos próximos meses, “a refletir, sobretudo, o desempenho dos setores primário”, como agricultura e carvão mineral, mas também no terciário, ao nível dos serviços.
“Suportado pela reposição gradual da capacidade produtiva e de logística, não obstante as incertezas quanto aos impactos dos choques climáticos na produção agrícola e nas infraestruturas diversas, e dos efeitos da tensão pós-eleitoral sobre os setores de atividade”, lê-se no relatório de Conjuntura Económica e Perspetivas de Inflação.
Moçambique viveu quase cinco meses de tensão social, com manifestações, greves e barricadas em ruas de várias cidades, sobretudo Maputo, inicialmente em contestação aos resultados eleitorais de 09 de outubro, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Os protestos degeneraram em violência com a polícia e provocaram cerca de 400 mortos, bem como a destruição e saque de infraestruturas públicas e em empresas.
Em 23 de março, Daniel Chapo e Venâncio Mondlane, candidato presidencial que não reconhece os resultados das eleições gerais de outubro, encontraram-se pela primeira vez e assumiram o compromisso de acabar com a violência, tendo voltado a reunir-se em 21 de maio com uma agenda para pacificar o país.
Quase mil empresas moçambicanas foram afetadas pelas manifestações pós-eleitorais, com um impacto na economia superior a 32,2 mil milhões de meticais (480 milhões de euros) e 17 mil desempregados, segundo estimativa apresentada em fevereiro pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
De acordo com o levantamento feito pela CTA, foram afetadas de “forma direta” pelas manifestações e agitação social que se seguiu às eleições gerais de outubro 955 empresas, em que 51% “sofreram vandalizações totais e/ou saques das suas mercadorias”.
Nos documentos de suporte ao Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) 2025, aprovado em maio último no parlamento, o Governo explica que da perspetiva de 5,5% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) económico para 2024, “foi alcançado apenas 1,85%, sendo os ramos de atividade da indústria de extração mineira, do comércio e serviços, da industria transformadora, de hotéis e restaurantes, e de transportes agrário os mais penalizados” devido à tensão pós-eleitoral.
“A redução da receita do Estado em quase 38,7 mil milhões de meticais [536 milhões de euros] comprometeu o desempenho da despesa em infraestruturas económicas e sociais e outros serviços básicos para o desenvolvimento económico do país”, aponta igualmente o documento.
Para 2025, o Governo prevê um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,9%, revisto em baixa face à estimativa anterior às eleições de 5%.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com