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Benfica, FC Porto e Sporting falham no índice internacional de transparência no desporto

O Sport Transparency Index, dinamizado pela SIGA (entidade liderada pelo português Emanuel Macedo de Medeiros), faz a avaliação de quinze parâmetros e mostra que há muito a fazer no reporte de informação nos três maiores clubes do futebol naciona.
18 Junho 2025, 08h01

Os três maiores clubes portugueses falham no índice de transparência no desporto, projeto coordenado pela Sport Integrity Global Alliance (SIGA), em colaboração com nove parceiros institucionais, e que tem como objetivo promover maior transparência e integridade no desporto.

Nos dados conhecidos esta quarta-feira, é possível que FC Porto, Sporting CP e SL Benfica apresentam nota negativa no projeto Sport Transparency Index que, nesta primeira fase, avaliou quinze indicadores universais de transparência em três domínios (organizacional, operacional e financeiro) de clubes profissionais, ligas e federações nacionais.

Nos dados disponibilizados pela SIGA, é possível perceber que a vertente operacional é o grande “Calcanhar de Aquiles” dos “três grandes” com “águias”, “dragões” e “leões” a serem classificados com nota quase mínima em aspetos que dizem respeito às políticas de igualdade de oportunidades e diversidade, privacidade e segurança de dados, proteção de denunciantes (whistleblower), consulta/envolvimento de stakeholders e sobre apostas desportivas

Estes clubes portugueses conseguem redimir-se na informação que disponibilizam no domínio organizacional (com o clube encarnado a situar-se um pouco abaixo dos rivais) mas tanto Sporting CP como SL Benfica voltam a falhar no que diz respeito ao aspeto financeiro: apresentam nota dois em aspetos relacionados com as políticas de contratação pública e de anticorrupção. Neste último, o FC Porto apresenta-se acima dos rivais de Lisboa.

Na nota final, o FC Porto está na posição 169 do ranking com nota 9; o Sporting CP consegue situar-se em 214º com nota 8 e o SL Benfica é o grande português com a pior classificação: nota 7. Na mesma posição do FC Porto está a Liga Portugal (que falha na informação que reporta do ponto de vista financeiro, segundo este índice). A Federação Portuguesa de Futebol termina na posição 30 com nota 12.

As melhores posicionadas em Portugal são duas Federações Portuguesas: Golf e Ténis. As duas encontram-se na posição dez com nota 13 e classificações apreciáveis nos três domínios avaliados: organizacional, operacional e financeiro.

A SIGA considera que “é por demais evidente é que o Desporto enfrenta uma ameaça real e tangível à sua Integridade em vários níveis; e que muitas das estratégias e mecanismos que têm como objetivo proteger o Desporto são difíceis de avaliar”.

“A opacidade histórica no que diz respeito à governança e ao processo de tomada de decisão quando combinados com a comercialização do desporto, criou, facilitou e perpetuou um ambiente propício à corrupção e à criminalidade. Esta realidade, aliada à falta de responsabilização, ameaça o Desporto, a sua credibilidade, viabilidade, e a confiança que lhe conferem enquanto indústria”, destaca a entidade internacional liderada pelo português Emanuel Macedo de Medeiros.

Assim, “são necessárias medidas sofisticadas para detetar, melhorar e resolver cada parte que compõe o problema. Contudo, estas soluções de Integridade devem ser apoiadas por um mecanismo de benchmarking acessível, conciso e relevante, que permita realizar avaliações rápidas, simples e transparentes daquilo que é a higiene organizacional”.

O Projeto Sport Transparency Index, que inicialmente irá ser executado entre janeiro de 2023 e junho de 2025, foi concebido para apoiar intervenções de integridade ao nível mais fundamental. Este projeto tem como objetivo ajudar a avaliar os intervenientes do desporto, entre eles clubes, ligas, associações nacionais e órgãos governamentais internacionais, usando critérios universalmente aplicáveis e
apropriados para o efeito, compará-los e contrastá-los em relação a indicadores básicos de transparência relacionados com integridade.

“É apenas o início”, destaca português líder da SIGA

Emanuel Macedo de Medeiros, CEO Global da SIGA, considera que o lançamento do Sport Transparency Index, cofinanciado pela Comissão Europeia, representa o desbravar de um caminho para a avaliação da transparência na governação do Desporto.

“Este lançamento é apenas o início. O nosso objetivo é alargar o alcance e o impacto desta ferramenta independente de avaliação comparativa, aumentando progressivamente o número de organizações avaliadas, a profundidade da análise e introduzindo uma dimensão global. Acreditamos que, através desta avaliação objetiva, da disponibilização pública dos dados e de ações de capacitação, é possível promover reformas estruturais e fortalecer uma cultura de integridade e transparência em todo o setor desportivo”, destacou o líder português.

O CEO da SIGA considera que o objetivo deste índice “não é expor ou envergonhar” mas sim “reconhecer e valorizar o mérito”: “Acreditamos que qualquer organização pode atingir a pontuação máxima no Índice, em matéria de Transparência, e reforçar a sua governação através do alinhamento contínuo com a SIGA. O Sport Transparency Index é, assim, muito mais do que uma métrica – é um catalisador de mudança positiva e uma oportunidade concreta para transformar positivamente o Desporto”.

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