“Claramente, a aquisição do Novobanco irá reforçar a nossa presença na Europa e está perfeitamente alinhada com a nossa ambição de crescer”, afirma Nicolas Namias, CEO do grupo Banque Populaire – Caisse d’Épargne (BPCE), ao Jornal Económico (JE), explicando a compra do banco português por valores que o tornam no maior negócio europeu do setor da banca na última década.
“O nosso plano estratégico, divulgado há um ano, previa o nosso crescimento em três círculos: França, Europa e o resto do mundo”, aponta Nicolas Namias. “A dimensão e a solidez do Novobanco, que é o quarto maior banco comercial português, com uma quota de mercado de 9% em clientes particulares e de 14% em clientes empresariais, estão em linha com esta ambição”, acrescenta.
“O Novobanco é um banco de elevado desempenho em Portugal, com uma quota de mercado significativa e uma forte rentabilidade, com uma Retorno sobre o Capital Próprio Tangível superior a 20%”, refere, ainda.
Crescer, focado nas empresas e no financiamento da economia. Este foi o objetivo do grupo financeiro francês BPCE ao adquirir o Novobanco. Sublinhe-se a atenção às empresas, determinante para o que querem fazer em Portugal a partir de agora.
“Os clientes do Novobanco beneficiarão da expertise, dos serviços e das inovações que o BPCE oferece atualmente aos clientes dos Banques Populaires e Caisses d’Epargne, bem como a terceiros”, afirma Namias. “No financiamento empresarial, o Groupe BPCE, o principal parceiro francês para pequenas e médias empresas, utilizará a sua expertise para fornecer aos clientes do Novobanco um apoio melhorado para o seu crescimento”, acrescenta.
Não tendo uma rede bancária de retalho em Portugal, não poderá contar com sinergias pelo lado dos custos. “Em vez disso, procuramos obter sinergias de receitas, alavancando a vasta experiência do BPCE”, refere o CEO do banco.
Ambiente económico favorável
A decisão de investir no Novobanco reflete a avaliação que o grupo francês faz da instituição financeira portuguesa, mas também da economia do país, que tem crescido, com contas equilibradas.
“Portugal apresenta um ambiente económico favorável que incentiva a inovação e proporciona uma estrutura segura para os investidores. Portugal destaca-se pelo dinamismo da sua economia e dos seus empreendedores, bem como pelas suas perspectivas económicas positivas a médio prazo”, explica o líder do BPCE ao JE. “Pretendemos tornar-nos um parceiro essencial para a economia portuguesa, em particular para as suas pequenas e médias empresas e famílias”, refere. “Esta iniciativa reflete também o nosso desejo de ter uma presença real no financiamento da economia, onde quer que operemos”, acrescenta.
O BPCE era o segundo maior grupo bancário francês, no final do ano passado, tendo em conta as operações apenas em França, e era o quarto maior já muito próximo da Societé Générale, contando com as operações internacionais, com ativos totais de 1,54 biliões de euros.
Opera como uma organização mutualista, com acionistas compostos por bancos regionais – 14 Banques Populaires e 15 Caisses d’Epargne (caixas de poupança) – que são propriedade dos seus clientes.
Nicolas Namias, de 49 anos, estratega do desenvolvimento do BPCE, considera que esta estrutura é uma vantagem. “Ao termos os nossos bancos regionais propriedade dos seus clientes, garantimos com eles uma comunidade de interesses, o que nos obriga a ter plenamente em conta as suas expectativas. Este modelo promove a confiança e a lealdade, permitindo-nos focar nas relações de longo prazo e no crescimento sustentável, em vez dos lucros de curto prazo, que podem ser o foco das instituições cotadas no mercado de capitais”, diz.
“O nosso modelo cooperativo proporciona-nos um acesso suficiente a capital, reduzindo a necessidade de depender do mercado bolsista para sustentar o nosso crescimento”, acrescenta.
Mark Bourke, o CEO do Novobanco, e a administração executiva da instituição financeira mantêm-se. “Têm feito um excelente trabalho nos últimos anos. Assim sendo, contamos com o empenho desta grande equipa, bem como com o empenho de todos os colaboradores do Novobanco, que compreenderão o interesse de ter um acionista de longo prazo dedicado ao crescimento do banco. É claro que trabalharemos, tanto na administração como na supervisão, para garantir o nível adequado de controlo, integração e alinhamento com o BPCE”, diz Namias ao JE.
(Entrevista será publicada na integra na segunda-feira no JE online)
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