Os portugueses combateram ferozmente na ilha de Ormuz há 500 anos. Da primeira vez, Afonso de Albuquerque conquistou o ponto estratégico do Golfo Pérsico, mas uma traição de três capitães do seu exército obrigou-o a retirar-se. Anos depois, regressou e conquistou novamente a ilha, onde foi construída a fortaleza de Nossa Senhora da Conceição que ainda lá permanece (no atual Irão) a vigiar silenciosamente o estreito de Ormuz – por onde passa diariamente 20% do petróleo consumido em todo o mundo.
Agora, existe o risco de o trânsito de petróleo ser interrompido neste estreito, do Irão não conseguir produzir petróleo, ou de outros países produtores da região envolverem-se na guerra com impacto no abastecimento mundial e nos preços na bomba.
O aviso foi lançado esta semana pelo presidente do banco central alemão, Bundesbank, alertando que um conflito prolongado pode causar um “aumento grave no preço do petróleo” com impacto nas previsões de crescimento económico e inflação, segundo Joachim Nagel.
O Irão abastece menos de 2% dos consumo global, com 1,7 milhões de barris diários. Neste cenário de risco, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC) já avisou que vai aumentar a produção em quase 1 milhão de barris diários a partir do mês de junho, com os analistas a prever que o aumento da produção venha a ser superior: mais 2,2 milhões de barris diários, aponta o “Financial Times”.
No caso de o tráfego marítimo vir a sofrer disrupções no estreito de Ormuz, as consequências serão mais gravosas para todo o mundo, pois um quinto do petróleo global passa por estas águas, assim como as exportações de gás natural do Qatar.
Neste cenário, o JP Morgan admite que o barril pode atingir os 120-130 dólares por barril. “Perante este cenário extremo, estimamos que os preços de petróleo podem atingir o intervalo de 120-130 dólares por barril”, segundo os analistas do banco norte-americano. Se o barril atingir 120 dólares, a inflação nos EUA é agravada em 1,7 pontos percentuais, o que pode levar a Reserva Federal norte-americana a desacelerar a descida dos juros, algo que Donald Trump não gostaria.
Por sua vez, o Goldman Sachs está menos pessimista.
“Estimamos que os preços de petróleo podem exceder os 100 dólares por barril num cenário extremo de uma disrupção alargada”, de acordo com estes analistas.
O Irão já ameaçou por diversas vezes fechar o estreito de Ormuz, mas nunca levou a cabo a ameaça, pois é difícil de concretizar.
O “FT” aponta que Israel tem “boas razões” para não atacar a infraestrutura petrolífera do país, pois Donald Trump quer manter os preços do petróleo em baixa.
Mas o mercado tem reagido sem pânico, como notam os analistas. “Ainda assim, tendo em conta a gravidade do conflito, a reação dos mercados tem sido, até agora, relativamente contida. Uma possível explicação reside nas previsões de abrandamento da economia global, que estão a pesar sobre as expectativas de procura por petróleo”, segundo a ActivTrades.
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