O ataque aéreo israelita contra a central nuclear iraniana Isfahan na madrugada de hoje foi “em grande escala” e procurou aumentar os danos causados às instalações em bombardeamentos anteriores, afirmou o porta-voz do exército israelita. “Durante a noite, aprofundámos o ataque à central nuclear de Isfahan e à parte ocidental do Irão”, disse Effie Defrin numa conferência de imprensa ‘online’, acrescentando que estas instalações já tinham sido alvo de um ataque a 13 de junho e, hoje de madrugada, Israel voltou a bombardear “em grande escala” o local “para reforçar os ganhos”.
A imprensa iraniana alertou para os ataques à central nuclear e os responsáveis iranianos garantiram que o bombardeamento não “provocou a fuga de materiais perigosos”. Isfahan, no centro do país, alberga o Centro de Tecnologia Nuclear do Irão e uma instalação de conversão de urânio, que sofreram “danos significativos” com os ataques, segundo os militares israelitas.
A Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) confirmou que a central nuclear de Isfahan, no centro do Irão, foi atingida após novos ataques israelitas, que atingiram uma oficina com máquinas utilizadas para enriquecer urânio. “Conhecemos bem estas instalações. Não havia material nuclear e, consequentemente, o ataque não terá consequências em termos de radiação” no ambiente, disse o diretor-geral do organismo da ONU, Rafael Grossi, citado num comunicado de imprensa.
A guerra entre o Irão e Israel começou na madrugada de 13 de junho, com Israel a lançar uma vasta ofensiva militar contra o país persa, alegadamente para impedir o avanço do programa nuclear iraniano para fins militares. Os ataques dizimaram infraestruturas militares e nucleares do Irão, que tem respondido com vagas de mísseis sobre as principais cidades israelitas, incluindo Tel Aviv e Jerusalém, assim como várias instalações militares espalhadas pelo país.
Entretanto, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) defendeu, em Genebra, Suíça, que se deve evitar uma nova crise de refugiados no Médio Oriente devido à guerra entre o Irão e Israel. “Esta região já sofreu mais do que a sua quota-parte de guerra, perdas e deslocações. Não podemos permitir que se instale uma nova crise de refugiados”, afirmou Filippo Grandi, citado pela agência de notícias AFP.
O responsável afirmou que a intensidade dos ataques entre as duas partes já está a provocar movimentos populacionais em ambos os países. Os ataques em Israel levaram as pessoas a procurar refúgio noutros locais do país e, em alguns casos, no estrangeiro. “O momento para desativar a situação é agora. Uma vez que as pessoas são forçadas a fugir, não há retorno rápido – e, com demasiada frequência, as consequências perduram por gerações”, acrescentou.
Israel declarou no sábado que tinha lançado novos ataques aéreos contra locais de armazenamento e lançamento de mísseis no centro do Irão. Teerão respondeu com uma barreira de fogo que, de acordo com as autoridades israelitas, matou pelo menos 25 pessoas. O Irão acolhe o maior número de refugiados do mundo, cerca de 3,5 milhões, a maioria dos quais provenientes do Afeganistão.
Se o conflito persistir, as populações refugiadas que já se encontram no Irão “enfrentarão também uma incerteza renovada e dificuldades ainda maiores”, acrescentou o ACNUR. A agência apelou a “um desanuviamento urgente do conflito” e instou os países da região a respeitarem o direito das pessoas a procurar segurança. O governo israelita afirma que a vaga de ataques sem precedentes que lançou contra o Irão desde 13 de junho tem por objetivo impedir o seu rival de desenvolver armas nucleares – uma ambição que Teerão nega firmemente.
Israel tem mantido a ambiguidade sobre o seu próprio arsenal atómico, não confirmando nem negando oficialmente a sua existência, mas o Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo afirma que possui 90 ogivas nucleares. O Irão não reconhece Israel e acusa-o de sabotar a sua infraestrutura nuclear e de assassinar vários dos seus cientistas.
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