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Angola quer investimento americano em África nas indústrias transformadoras

Na abertura oficial da 17.ª Cimeira de Negócios Estados Unidos da América- África, João Lourenço destacou que são necessários investimentos também na indústria do ferro e do aço, do alumínio, do cimento, da agropecuária, da indústria naval, do automóvel e do turismo.
Angolan President Joao Lourenco poses for a photo on the day of a meeting with U.S. Secretary of State Antony Blinken at the Presidential Palace in Luanda, Angola, January 25, 2024. Andrew Caballero-Reynolds/Pool via REUTERS/File Photo
23 Junho 2025, 11h46

O Presidente angolano defendeu hoje, em Luanda, que o investimento privado direto americano para África não se limite apenas à extração de recursos minerais convencionais e raros, mas que se interesse também por outro tipo de indústrias transformadoras.

João Lourenço, igualmente presidente da União Africana, discursava hoje na abertura oficial da 17.ª Cimeira de Negócios Estados Unidos da América- África, que decorre até quarta-feira, e conta com a presença dos Presidentes da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, do Gabão, Brice Nguema, da Namíbia, Nedemupelila Nandi-Ndaitwah, e do Botsuana, Duma Boko, e chefes de Governo africanos.

Segundo o Presidente angolano, ao longo das últimas décadas, a presença americana em África tem evoluído, passando de uma presença marcada sobretudo por assistência, para uma presença cada vez mais orientada para o investimento privado, inovação e construção de parcerias robustas.

Para João Lourenço, são necessários investimentos também na indústria do ferro e do aço, do alumínio, do cimento, da agropecuária, da indústria naval, do automóvel e do turismo.

Os Governos africanos estão preparados para facilitar os negócios aos empresários norte-americanos, e o setor privado de África está disponível para construir alianças que gerem lucros, mas também prosperidade partilhada, avançou o Presidente angolano.

O chefe de Estado considerou ainda que os laços económicos entre África e os Estados Unidos da América têm potencial para crescer de forma significativa, salientando que as oportunidades de investimento privado direto estão em áreas-chave que correspondem tanto às prioridades do continente como às vantagens comparativas das empresas norte-americanas.

As áreas das energias renováveis, a agroindústria e segurança alimentar foram destacadas por João Lourenço, “perante uma disponibilidade de milhões de hectares de terras aráveis, abundância de recursos hídricos, bom clima, grande oferta de mão de obra jovem e uma necessidade crescente de modernização tecnológica e das tecnologias digitais, onde a inovação africana se cruza com a capacidade de investimento americana para criar soluções escaláveis”.

“Destacamos também os minerais estratégicos, incluindo os minerais críticos para a transição energética global, cuja exploração responsável pode transformar as nossas economias e sociedades”, enumerou João Lourenço.

De acordo com o Presidente de Angola, neste capítulo, África espera mais do que capital, contando com parcerias que se enquadrem na soberania dos seus países, que valorizem o conteúdo local, que promovam a transferência de conhecimento e que contribuam para a geração de empregos qualificados.

João Lourenço referiu que este fórum deve ser visto como uma peça importante nas relações económicas entre África e os Estados Unidos da América.

“África já não é apenas um continente de grande potencial de riqueza mineral, de recursos hídricos e florestais, de crescimento demográfico inigualável, é cada vez mais um continente de decisões transformadoras e projetos concretos”, afirmou.

Acrescentou ainda que o continente africano pretende e está a trabalhar para eletrificar e industrializar os seus países, acrescentando valor às matérias-primas, aumentando a oferta de postos de trabalho, para evitar o êxodo dos jovens africanos que constituem o maior ativo e fazem “a perigosa e humilhante travessia pelo Mediterrâneo com destino para a Europa e outros lugares na busca de emprego e condições de vida”.

“Do norte ao sul e do Atlântico ao Índico, multiplicam-se investimentos estruturantes que estão a moldar um novo panorama económico africano, desde o Corredor do Lobito, que vai ligar por linha férrea o porto do Lobito no oceano Atlântico, ao porto de Dar-Es-Salam no oceano Índico e promete transformar o comércio intra-africano e intercontinental, às zonas económicas especiais em expansão no continente, passando pelas iniciativas em curso para desenvolver cadeias de valor regionais em setores como os minerais críticos, a agricultura e a energia, apenas para citar alguns”, vincou.

Segundo João Lourenço, a transformação digital do continente africano “está em curso e a grande velocidade”.

“Num mundo marcado por instabilidades geopolíticas persistentes do Leste Europeu ao Médio Oriente, o continente africano, apesar de algumas bolsas localizadas de conflitos armados ou de tensão política, afirma-se como um parceiro de estabilidade e visão de longo prazo”, disse.

“As conjunturas externas reforçam ainda mais a urgência de aprofundarmos os nossos laços de confiança, cooperação económica e segurança estratégica, onde o papel dos Estados Unidos da América é incontornável, por terem um papel único à escala global”, acrescentou o chefe de Estado angolano.

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