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DBRS prevê um declínio gradual dos rácios de capital dos bancos europeus

Os bancos de Itália, Espanha, Portugal e Grécia “beneficiaram de provisões para perdas com empréstimos significativamente mais baixas, embora este seja um factor favorável que esperamos que diminua”, refere a agência de notação financeira.
fusão
23 Junho 2025, 14h27

A agência de rating Morningstar DBRS publicou uma análise intitulada “Bancos europeus: tendências e perspetivas de lucros no meio das tensões comerciais globais”.

“As métricas de capital continuam fortes, mas prevemos um declínio gradual no futuro, devido ao crescimento dos ativos, aos efeitos regulamentares e ao aumento da atividade de fusões e aquisições”, defendem os analistas da agência.

Itália continua a ser o foco da consolidação bancária, mas a atividade também recuperou noutros países, aponta a DBRS.

Entre as principais conclusões está ainda o facto de os lucros estarem a recuar face aos níveis elevados de 2024; no entanto, ainda se mantêm fortes.

“Como esperado, os lucros dos bancos europeus estão a recuar face aos seus níveis muito elevados de 2024, dado que a descida das taxas de juro provocou uma contração da margem financeira para muitos bancos. Isto é mais visível nos resultados do primeiro trimestre de 2025 dos bancos nórdicos, holandeses, gregos e portugueses; no entanto, a rendibilidade manteve-se em níveis sólidos”, diz a DBRS. A exceção na queda da margem financeira são os bancos do Reino Unido.

A pressão sobre a receita líquida de juros é parcialmente compensada pelos aumentos das receitas não financeiras, e os bancos do sul da Europa ainda beneficiam de provisões para perdas com empréstimos significativamente mais baixas.

“Esperamos que estas tendências de receitas permaneçam intactas durante o resto do ano. Os bancos de Itália, Espanha, Portugal e Grécia também beneficiaram de provisões para perdas com empréstimos significativamente mais baixas, embora este seja um fator favorável que esperamos que diminua”, refere a agência de notação financeira.

“Especialmente em países com uma elevada proporção de empréstimos a taxas variáveis, como Portugal, Grécia ou Suécia, os ativos têm sido reprecificados a taxas mais baixas, uma tendência que esperamos que se mantenha. Os custos de captação também diminuíram; no entanto, os bancos com depósitos elevados e uma baixa proporção de depósitos remunerados têm opções limitadas para reduzir os seus custos de captação”, realça a agência.

Já a qualidade dos ativos manteve-se forte, diz a DBRS, que alerta que poderá sofrer alguma pressão no futuro. Por seu turno, os rácios de capital começaram a diminuir, à medida que os bancos procuram reduzir as suas reservas de capital.

Os bancos devolvem mais capital aos acionistas no contexto de uma maior clareza regulamentar, aponta a DBRS.

“As métricas de qualidade dos ativos permaneceram sólidas, mas a perspetiva varia de acordo com o país. As possíveis tarifas americanas e a incerteza geopolítica podem exercer uma pressão modesta sobre a qualidade dos ativos a médio prazo”, alerta a DBRS.

“As tarifas americanas e a escalada do conflito no Médio Oriente representam riscos para as perspectivas de crescimento económico na Europa e afetam setores individuais em particular”, afirmou Sonja Förster, Vice-Presidente Sénior da European Financial Institution Ratings. “No entanto, considerando a geração de lucros e as sólidas reservas de capital, a nossa perspetiva fundamental estável para os bancos europeus permanece inalterada”, defende a especialista da DBRS.

Os bancos de países com perspectivas de crescimento económico mais fortes e com menor exposição aos EUA poderão não necessitar de provisões adicionais, reconhece a DBRS.

“Nem os resultados do primeiro trimestre de 2025 nem o ambiente geopolítico alteram a nossa perspetiva fundamental estável para o sector bancário europeu. Temos tendências positivas em 26% da carteira bancária que classificamos, em parte devido às tendências das notações de crédito soberano e em parte à estabilização do desempenho dos bancos a níveis mais elevados”, conclui a agência.

Os bancos portugueses contemplados nesta análise são a Caixa Geral de Depósitos, o BCP, o Banco BPI, o Novobanco, o Banco Montepio e o Banco Santander Totta.

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