Os países aliados da NATO que cumprirem o desejo da aliança no sentido de aumentar a despesa em defesa para 5% do PIB deverão sentir pressão sobre as finanças públicas a médio prazo, mesmo com os possíveis benefícios para o crescimento económico.
A análise dos potenciais impactos orçamentais do aumento das despesas com a defesa é avançado esta terça-feira pela agência de rating DBRS, dia em que se inicia a cimeira da NATO em que será discutido este reforço na despesa.
“Na nossa opinião, se os Estados-Membros da NATO aumentassem efetivamente o objetivo de despesa com a defesa para 5% do PIB, por exemplo, até 2030, isso poderia aumentar substancialmente a pressão sobre as finanças públicas a médio prazo, apesar dos possíveis benefícios para o crescimento económico”, destaca a DBRS neste relatório.
Da mesma forma, a DBRS espera que a maior pressão fiscal decorrente da expansão dos orçamentos militares “recaia sobre os países com elevados rácios dívida/PIB e aqueles com défices orçamentais já elevados”.
“No entanto, uma avaliação exaustiva do impacto de mais despesas com a defesa nas contas do setor público dos países da UE é dificultada pela incerteza quanto ao calendário em que os países atingirão os novos objetivos e à flexibilidade que terão para reorientar as despesas públicas existentes para a defesa”, realça.
Para a DBRS Morningstar, as metas “cada vez mais exigentes em matéria de despesas com a defesa podem pôr ainda mais em causa as contas do setor público, em especial no caso dos países altamente endividados”. Assim, o apoio europeu “pode não ser suficiente para evitar uma deterioração significativa das contas do setor público dos países da UE”. Neste relatório, a agência de rating aponta ainda que as despesas adicionais “podem não beneficiar o crescimento dos países da UE devido a restrições de capacidade e a um declínio secular a longo prazo das despesas com a defesa”.
“Prevê-se que as despesas europeias com a defesa aumentem 800 mil milhões de euros até 2030, no pressuposto de que todos os países decidam utilizar integralmente a cláusula de salvaguarda. Alcançar a meta de alocar 5% do PIB aos gastos com defesa, mantendo trajetórias conservadoras de déficit fiscal, provavelmente exigirá que os governos europeus façam compensações orçamentárias difíceis”, disse Mehdi Fadli, vice-presidente sênior do Global Sovereign Ratings Group.
“Consideramos que os três maiores e mais endividados países da UE – Itália, Espanha e França – se cumprirem os novos compromissos de despesa sem ajustamentos noutros locais poderão enfrentar défices orçamentais significativamente mais elevados a médio prazo”, conclui o analista.
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