A estratégia de liberalização agressiva, com o objetivo de colocar Lisboa no mapa do investimento imobiliário e do turismo fizeram da capital portuguesa a mais inacessível da Europa. A análise é feita pelo jornal “The Guardian”, que destaca os aumentos dos preços das casas, os benefícios fiscais para os investidores estrangeiros e os baixos salários, como alguns dos pontos principais para o atual momento que a cidade vive.
Os preços das casas aumentaram 176% na capital e mais de 200% nos bairros históricos entre 2014 e 2024. Em 2015, Portugal ocupava o 22º lugar entre 27 países da União Europeia em termos de inacessibilidade à habitação. Hoje, ocupa o primeiro lugar.
O artigo destaca ainda o facto de 60% dos contribuintes ter um salário abaixo dos mil euros, o que faz com que seja uma tarefa quase impossível arrendar um imóvel.
Em sentido inverso foram criados benefícios fiscais “generosos” para os compradores não residentes, como o programa dos Vistos Gold e Residente Não Habitual, com os fundos de investimento a serem incentivados a entrar no mercado imobiliário, beneficiando de isenções fiscais adicionais.
“O resultado é uma cidade que acolhe a riqueza estrangeira, mas exclui muitos dos seus cidadãos, dando prioridade aos desejos dos consumidores globais em detrimento das necessidades das comunidades locais. A atual crise imobiliária reflete uma profunda desconexão entre os salários e os preços dos imóveis – com os custos da habitação a aproximarem-se dos das cidades globais num país onde os salários continuam a ser dos mais baixos da Europa”, pode ler-se no artigo.
No segmento da hotelaria, o número de hotéis triplicou desde 2010, de 100 para 300, numa tendência que se verifica em outras cidades do sul da Europa, sendo que ao nível do turismo Lisboa é agora ocupada principalmente por uma classe de jovens profissionais, designada por nómadas digitais, tendo o centro da cidade perdido 25% da sua população entre 2011 e 2021.
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