As tarifas dos EUA sobre produtos farmacêuticos podem chegar a 250%, ameaçou Donald Trump esta terça-feira, embora este nível seja para aplicar apenas daqui a uns anos. Os detalhes deverão ser conhecidos na próxima semana, sinalizou o presidente, juntamente com os dos semicondutores, sendo que os produtos farmacêuticos são dos mais relevantes na relação comercial portuguesa com os norte-americanos.
Em entrevista à CNBC, Trump sinalizou o nível mais elevado de tarifas até agora, sugerindo 250% sobre os produtos farmacêuticos, mas não numa fase inicial. O presidente quer uma tarifa progressiva a começar num valor mais baixo, mas avançando nos anos seguintes e até um máximo acima dos 200% que havia ameaçado no início de junho.
“Primeiro, vamos colocar uma pequena tarifa sobre os farmacêuticos, mas num ano, ano e meio, no máximo, vai subir para 150% e depois para 250%. Queremos bens farmacêuticos produzidos no nosso país”, afirmou. As tarifas serão anunciadas “em cerca de uma semana”, completou.
Os EUA estão a conduzir, através do Departamento do Comércio, uma investigação sobre os impactos das importações deste tipo de bens na segurança nacional ao abrigo da chamada Secção 232. Já na semana passada, a Casa Branca havia enviado cartas a 17 das maiores farmacêuticas presentes no país a exigir que baixassem preços até setembro, uma política que o sector tem vindo a contestar.
Segundo vozes do sector, as escolhas de Trump podem limitar a capacidade das empresas de investirem, sobretudo numa área onde os custos com investigação são bastante elevados. Além disso, a esmagadora maioria, ou mais de 90%, das empresas norte-americanas de biotecnologia dependem de fornecedores externos para pelo menos metade da sua produção autorizada nos EUA, reporta a Biotechnology Innovation Organization.
O sector farmacêutico é dos mais relevantes na relação comercial de Portugal com os EUA, sendo também responsável por grande parte do crescimento das exportações para aquele país nos últimos anos. No ano passado, este foi mesmo o mercado mais relevante das exportações de saúde portuguesas, com os medicamentos a assumirem o maior protagonismo, e um dos que mais cresceram.
Olhando só para os produtos farmacêuticos, estes chegaram a 1,17 mil milhões de euros em 2024, sendo quase a totalidade deste valor fruto da exportação de medicamentos, segundo os dados do INE. Ainda assim, este valor fica abaixo dos 1,28 mil milhões registados em 2023.
O sector da saúde bateu novo recorde em termos absolutos no ano passado, com exportações acima dos 4 mil milhões de euros, e os EUA tomaram o primeiro posto enquanto destino, com 29,6% do total. Já no ano anterior o sector havia sido responsável por quase metade do crescimento total das exportações.
Também o sector dos semicondutores deverá ter maior clareza na próxima semana, quando forem anunciadas as tarifas para estes bens. Tal como as farmacêuticas, estas importações estão a ser investigadas pelo Departamento do Comércio e arriscam agravar significativamente o custo de construção de inúmeros data centres das maiores tecnológicas nos EUA.
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