Que análise faz às declarações do primeiro ministro António Costa?
O primeiro-ministro fez o discurso que tinha de fazer, demonstrando que o Governo do Partido Socialista é coerente com aquilo que foi o seu programa, independentemente dos acordos cumpridos com os partidos à sua esquerda.
Com esta dramatização, António Costa coloca fundamentalmente o Partido Socialista, ao contrário do que muitos esperavam, no lugar em que sempre esteve. Ou seja, um partido moderado de centro-esquerda que coloca agora um desafio ao Parlamento que, perante uma coligação negativa, evidentemente precipitará eleições antecipadas com a sua demissão.
O cenário de eleições antecipadas apenas vai aumentar a incerteza, visto que na pior perspectiva, ou seja, de termos eleições antecipadas estas são e serão pouco antecipadas e no fundamental o setor macroeconómico político para 2019 está definido no orçamento geral do Estado, que não sofrerá no fundamental nenhuma alteração.
Perante esta coligação negativa, os partidos à esquerda do Partido Socialista limitam-se a ser coerentes com o que no fundamental sempre defenderam, em relação a esta questão específica dos professores. Isto coloca um desafio à direita do espectro político que já foi bem visível no discurso de Assunção Cristas, que aliás lançou esta manhã o desafio “vamos a eleições, estamos preparados para elas”, mas colocam agora em Rui Rio e no PSD fiel da balança desta coligação negativa, uma vez que os restantes partidos em princípio manterão aquilo que já aprovaram na comissão de educação.
Mas a unidade na designada ‘geringonça’ não ficou fragilizada?
A unidade da geringonça desapareceu com o orçamento para 2019. Com o cenário de duas eleições (europeias e legislativas) é natural que os três partidos regressem à habitual demarcação. Convem não esquecer que se trataram de acordos parlamentares e dinâmicas de coligação. Em ano eleitoral a geringonça formalmente extinguiu-se com a aprovação do orçamento de 2019.
Este ultimato pode beneficiar o Governo na campanha para as próximas eleições?
Não consigo dizer isso. É um exercício de astrologia. O que acontece, sem dúvida nenhuma, abre um aumento da incerteza sobre as atitudes eleitorais dos portugueses numa conjuntura de crise. Uma coisa é certa: a campanha eleitoral para o Parlamento europeu terminou. Salvo uma solução inesperada deste problema, as primeiras duas semanas pré-eleitoral serão dominadas por esta ameaça de crise e demissão. Essa é a primeira consequência.
Quanto à atitude o importante a realçar é a incerteza com um ponto importante: para o melhor ou pior, o Partido Socialista reforçou aquilo que é no fundamental a imagem que foi adquirindo um longo da geringonça, porque embora com o apoio dos partidos à sua esquerda, a verdade é que não houve alterações significativas na política económica social e no discurso do Partido Socialista.
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