Quase 30 mil manifestantes estiveram nas ruas de França com o objetivo de desbloquear o impasse político no país e protestar contra as medidas de austeridade que se avizinham. A expetativa inicial era de 100 mil manifestantes.
O país foi vigiado na quarta-feira por 80 mil membros extra das forças de segurança, incluindo mais seis mil só em Paris.
Quase 300 detenções em todo o país, 170 em Paris, em 430 ações de protesto, com 270 manifestações e 160 bloqueios, num total de 29 mil manifestantes. Autoestradas bloqueadas em Marselha, Montepellier, Nantes e Lyon.
As autoridades também contabilizaram 105 incêndios na via pública, com quatro polícias feridos, e 106 ações de desbloqueio, segundo dados do Ministério da Administração Interna, citados pelo “Le Figaro”.
O movimento “Bloqueiem tudo” é um grito de revolta contra Emmanuel Macron e a instabilidade política que culminou num novo Governo gaulês, com Sébastien Lecornu a liderar o terceiro executivo no espaço de um ano.
Autoestradas cortadas, caixotes do lixo queimado e escarumças com a polícia que respondeu com gás lacrimogénio. Foi este o cenário em França na quarta-feira, apenas um dia depois do nome do novo primeiro-ministro ser anunciado pelo Palácio do Eliseu.
“Isto é a mesma merd*, é o mesmo, Macron é o problema, não são os ministros. Ele tem de ir”, disse Fred à “Reuters”, um representante sindical da CGT numa manifestação em Paris.
“Estava à espera de uma dissolução [do Parlamento], ou de um primeiro-ministro de esquerda, mas não. É frustrante”, disse, por sua vez, Lisa Venier, estudante de 18 anos em protesto junto à Gare du Nord na capital.
O movimento nasceu este ano nas redes sociais e já é comparado aos protestos dos ‘Coletes amarelos’ que tiveram início em 2018, devido aos custos dos combustíveis, e acabaram por prolongar-se por algum tempo no hexágono em protesto contra medidas de Emmanuel Macron.
Os analistas apontam que o novo movimento cresceu entre grupo da extrema-direita, mas que foi tomado pela esquerda e extrema-esquerda em protesto contra a situação política em França.
“Bayrou foi deposto, agora as suas políticas têm de ser eliminadas”, segundo o professor Christophe Lalande.
“Hoje é uma mensagem para todos os trabalhadores deste país: não há resignação, a luta continua”, de acordo, por seu turno, com a sindicalista Amar Lagha.
O executivo Bayrou tinha tentado aprovar cortes nos custos público de 44 mil milhões de euros em 2026 para tentar reduzir o défice orçamental e a dívida pública. Mas dos 364 deputados na Assembleia Nacional, apenas 194 deram o seu voto de confiança.
Desde as eleições legislativas antecipadas do verão de 2024 que o Parlamento francês está extremamente dividido. Lecornu será o sétimo primeiro-ministro desde que Macron foi eleito pela primeira vez em 2017 e o quinto desde 2022.
Sébastien Lecornu vai agora consultar as diferentes forças políticas no parlamento para tomar decisões sobre o próximo Orçamento e atingir “acordos indispensáveis para as decisões dos próximos meses”, segundo o Eliseu na terça-feira.
A escolha do Palácio do Eliseu recaiu sobre um aliado de longa data do presidente francês para tentar aprovar o Orçamento do Estado do próximo ano numa Assembleia Nacional dividida.
O grande desafio de Emmanuel Macron agora é convencer as agências de rating que o novo primeiro-ministro vai conseguir dar a volta à instabilidade política e conseguir colocar o país no bom rumo financeiro e económico, com um novo orçamento do Estado para o próximo ano.
A primeira agência a pronunciar-se é a Fitch que divulga a sua nota na próxima sexta-feira, 12 de setembro. Atualmente, atribui AA- a França com uma perspetiva negativa. Em outubro e novembro seguem-se a Moody’s (Aa3) e a S&P Global (AA-), respetivamente.
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