A economia portuguesa tem crescido essencialmente à custa do crescimento do emprego e não da produtividade. A conclusão é do Banco de Portugal (BdP), deixando o alerta de que o aumento do potencial de crescimento da economia é “determinante” para suportar o crescimento do consumo privado e a acumulação de capital, sem pôr em causa a redução do endividamento.
No Boletim Económico de maio, divulgado esta quarta-feira, a instituição liderada por Carlos Costa salienta que “a expansão da economia portuguesa nos últimos cinco anos tem sido acompanhada por uma redução do endividamento dos vários setores da economia e, por esta via, dos desequilíbrios acumulados no passado”.
O BdP realça que “a economia está, hoje, mais aberta ao exterior e o PIB per capita tem vindo a convergir ligeiramente com o da área do euro”. No entanto, destaca que, “não obstante, o crescimento do produto tem decorrido, essencialmente, de um crescimento do emprego e não de um aumento da produtividade”.
A análise do regulador considera, ainda, que “é crucial persistir na implementação de políticas económicas que promovam a convergência entre as economias da área do euro, num quadro de coordenação entre as políticas nacionais e europeias e de conclusão da União Bancária”.
O BdP destaca ainda que a recuperação da economia tem sido acompanhada “por uma redução do endividamento dos vários setores da economia e, por esta via, dos desequilíbrios acumulados no passado”.
Economia abrandou em 2018, seguindo tendência da zona euro
Na análise à economia nacional de 2018, o BdP salienta que “a atividade económica abrandou em 2018, num contexto de desaceleração generalizada na zona euro”. Neste sentido, destaca que se verificou “uma deterioração da envolvente externa global associada designadamente a receios de um recrudescimento do protecionismo, com efeitos penalizadores sobre os fluxos de comércio”.
“O PIB real aumentou 2,1%, depois de ter crescido 2,8% em 2017. Esta desaceleração acompanhou os desenvolvimentos na área do euro e foi determinada pelo crescimento menos acentuado das exportações e, em menor grau, do investimento empresarial”, refere.
O regulador bancário destaca ainda que “já o PIB per capita cresceu 2,3% (3% em 2017), prosseguindo a convergência para o PIB per capita da área do euro, que aumentou 1,2%. Não obstante, em 2018, o PIB per capita português situava-se em 58% do PIB per capita da área do euro”.
O relatório sublinha ainda que a evolução das exportações de bens e serviços foi diferenciada por mercados. Se por um lado, as exportações para a União Europeia mantiveram um crescimento significativo, por outro lado, diminuíram para fora da União.
“Embora tenham desacelerado, as exportações de turismo aumentaram 7,5% em 2018 e estiveram, a par das exportações de automóveis, na origem dos ganhos de quota de mercado dos exportadores portugueses, que totalizaram 0,3 pontos percentuais (pp) em 2018 (3,1 pp em 2017)”, explica. Já as importações cresceram 4,9% em 2018, “embora também tenham abrandado, superaram a evolução das exportações, o que se traduziu numa redução do excedente da balança de bens e serviços”.
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