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Igreja Católica portuguesa é ponte de ligação da Europa com Lusofonia, diz “número dois” do Vaticano

“Penso que Portugal pode dar uma ajuda muito eficaz, porque está em contacto com todo o mundo lusófono e tem estes contactos que vão além de Portugal e da Igreja local”, afirmou à Lusa Pietro Parolin, que terminou hoje uma visita a Portugal.
14 Setembro 2025, 14h09

O secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, considera que a Igreja Católica portuguesa pode ajudar o Vaticano na relação com o mundo português e na discussão pública dos problemas globais.

“Penso que Portugal pode dar uma ajuda muito eficaz, porque está em contacto com todo o mundo lusófono e tem estes contactos que vão além de Portugal e da Igreja local”, afirmou à Lusa Pietro Parolin, que terminou hoje uma visita a Portugal.

O cardeal italiano recordou o recente encontro dos bispos dos países lusófonos, que decorreu em Portugal, como um exemplo dessa ponte de diálogo que o país pode representar.

Nesse encontro, os bispos discutiram “muitos dos conflitos que existem em África”, em particular o de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.

“Penso que esta reflexão pode realmente ajudar a Igreja universal. Precisamos da contribuição das Igrejas locais precisamente para tratar e resolver os problemas gerais”, salientou o chefe da diplomacia vaticana.

Nesse sentido, Portugal “pode ser uma grande ajuda [à Igreja], precisamente por causa da sua irradiação para lá das fronteiras do país”, acrescentou o cardeal, que comentou também a polarização do discurso político.

Ao longo dos séculos, a Igreja tem sido conotada com o conservadorismo e a direita, mas o Papa Francisco, de quem Parolin foi um colaborador próximo, foi um ídolo de setores mais à esquerda.

Contudo, o cardeal pede para que não se identifique “a Igreja com categorias políticas”, embora “esse risco sempre exista, talvez até mesmo entre os cristãos”.

“Há cristãos de direita e cristãos de esquerda, o que é normal, porque o próprio Concílio [Vaticano II, na década de 1960] diz que, da mesma fé, podem derivar opções políticas diferentes, não contraditórias mas diferentes”, explicou Parolin.

“Mas acredito que a Igreja, pelo menos nos últimos séculos, sempre se afirmou como uma voz profética”, que procura “contribuir para criar no nosso mundo um mundo de fraternidade”, num contraste com a tendência atual do populismo.

“Somos uma única família humana e é aí que todos somos irmãos” e “todos temos direitos e deveres que devem ser respeitados e salvaguardados”, pelo que cada cristão não deve “considerar ninguém como inimigo ou como adversário”, mas “tentar acolher todos na sua diversidade”, acrescentou ainda o secretário de Estado da Santa Sé.

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