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Moçambique/Ataques: União Europeia reconhece que conflito em Cabo Delgado cria “pressão migratória” na Europa

A Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança considerou que a situação em Moçambique “é grave” e que “não está a melhorar”.
17 Setembro 2025, 09h34

A Alta Representante da União Europeia (UE) para a diplomacia reconheceu que o agravamento do conflito em Cabo Delgado, Moçambique, “cria pressão migratória” nos países do bloco comunitário, insistindo que é necessário reforçar o apoio.

“A situação securitária cria pressão migratória e essa pressão migratória vem para a Europa”, disse Kaja Kallas, em entrevista à agência Lusa.

A Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança considerou que a situação em Moçambique “é grave” e que “não está a melhorar”.

“As pessoas não querem deixar as suas casas, mas acabam por precisar de o fazer”, reconheceu a ex-primeira-ministra da Estónia.

Kaja Kallas considerou que é necessário encontrar outras respostas, sem concretizar, ainda que Moçambique “tenha recebido bastante apoio da União Europeia para auxiliar a polícia e as Forças Armadas para controlarem” o conflito que deflagrou há quase oito anos.

A Alta Representante da diplomacia do bloco político-económico europeu disse recear que a influência dos insurgentes e os conflitos alastrem: “Devíamos olhar para o que mais podemos fazer neste sentido, porque, se olharmos para outras regiões em África, não queremos que aconteçam os mesmos desenvolvimentos”.

A província de Cabo Delgado, rica em gás e que sofre ataques desde 2017, regista um recrudescimento de ataques de grupos rebeldes desde julho, tendo sido alvos os distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e mais recentemente Mocímboa da Praia, provocando desde então dezenas de milhares de deslocados.

O Governo moçambicano lamentou na terça-feira da semana passada os ataques terroristas registados nos últimos dias em Cabo Delgado, referindo que é papel do Estado perseguir, retardar e travar os ataques para que a população tenha “menos sofrimento possível”.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.

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