O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos manifestou-se hoje preocupado com a intensificação do conflito no Sudão, devido ao aumento do número de civis mortos, num contexto de agravamento de violação dos direitos humanos.
O estigma étnico “crescente do conflito, assente em discriminações e desigualdades de longa data, representa graves riscos para a estabilidade e a coesão social a longo prazo no país”, alertou Volker Türk, num comunicado sobre um relatório que abrange a realidade sudanesa nos primeiros seis meses do ano.
Mais de dois anos após o início da guerra entre o exército regular e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), o Alto-Comissariado alertou para a utilização crescente de drones, nomeadamente em ataques contra infraestruturas civis, atingindo “zonas no norte e no leste do Sudão que anteriormente tinham sido relativamente poupadas”.
Embora ressalvando que o balanço real é provavelmente muito mais elevado, as Nações Unidas (ONU) indicam ter documentado pelo menos 3.384 civis mortos entre janeiro e junho, o que corresponde a “quase 80%” do total enumerado em 2024.
A maioria das vítimas civis (70%) foi morta durante hostilidades, segundo o documento.
A ONU assinala ainda pelo menos 990 civis mortos, incluindo crianças, fora dos confrontos, nomeadamente em execuções sumárias. Pelo menos 30 trabalhadores humanitários e de saúde foram mortos no mesmo período.
A guerra no Sudão, desencadeada em 15 de abril de 2023, já matou dezenas de milhares de pessoas e deslocou milhões de outras.
Türk apelou a que se ponha fim a “esta situação desastrosa em que atrocidades criminosas, incluindo crimes de guerra, são cometidas” com total impunidade.
O relatório referiu ainda a persistência, este ano, de violência sexual generalizada, ataques indiscriminados e o “recurso generalizado à violência como forma de retaliação contra civis, nomeadamente com base em critérios étnicos, visando indivíduos acusados de colaborar com as partes adversas”.
No início de setembro, uma missão de inquérito mandatada pela ONU já tinha dado conta de crimes de guerra cometidos pelos dois lados, acusando igualmente as RSF de crimes contra a humanidade, em particular no contexto do cerco a Al-Fashir.
Segundo a ONU, o conflito conduziu à maior crise humanitária do mundo, com a declaração de fome em várias zonas e um grave surto de cólera.
Mais de 2.500 pessoas já morreram da doença, segundo o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), citando dados das autoridades.
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