O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse esta terça-feira que acredita que a Ucrânia pode retomar todas as suas possessões ocupadas pela Rússia e que Kiev deve agir de imediato, já que Moscovo enfrenta “grandes” problemas económicos. A mudança de retórica, repentina, a favor da Ucrânia apanhou os analistas de surpresa, mas não foi acompanhada por uma mudança na política dos EUA face à Rússia. Ou seja, Trump nada disse sobre a imposição de sanções a Moscovo, não indo ao encontro das solicitações do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
“Putin e a Rússia estão com grandes problemas económicos, e este é o momento de a Ucrânia agir”, escreveu Trump nas redes sociais, logo após encontrar-se com Zelensky à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque. Estranho é o facto, dizem os analistas, que a sua intervenção na ONU no mesmo dia tenha sido omissa em relação a este assunto específico.
“Depois de ver os problemas económicos que a guerra está a causar à Rússia, acho que a Ucrânia, com o apoio da União Europeia, está em posição de lutar e conquista toda a Ucrânia de volta à sua forma original”, escreveu. Isso exigiria que Kiev expulsasse as forças russas de 20% do seu território, incluindo a península da Crimeia, que Moscovo mantém desde 2014.
Recorde-se que Trump disse anteriormente que Kiev deveria considerar abrir mão de território para fazer a paz e que devia esquecer a Ucrânia em definitivo, alimentando os temores ucranianos de negociações nos bastidores para um acordo que procurasse reconhecer as terras ocupadas como legalmente russas.
A chefe de política externa da Europa, Kaja Kallas, elogiou as declarações de Trump, dizendo: “Essas foram declarações muito fortes que nunca ouvimos antes. É bom que tenhamos o mesmo entendimento agora.”
Por seu turno, Zelensky disse, segundo reportagem da agência Reuters, que teve uma reunião “boa e construtiva” com Trump, recusando-se a entrar em detalhes, mas elogiando a declaração do presidente dos EUA como uma “grande mudança”. Zelensky disse mais tarde à Fox News que achava que as posições das equipas ucraniana e norte-americana estão agora “mais próximas que nunca”.
Mesmo assim, comentários do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ao Conselho de Segurança da ONU sugeriram que os Estados Unidos não perderam a esperança de uma resolução pacífica. “Esta guerra precisa de acabar. Mas se isso não acontecer, se não houver um caminho para a paz no curto prazo, então os Estados Unidos e o presidente Donald Trump tomarão as medidas necessárias para impor custos à agressão contínua.”
Em discurso à Assembleia Geral, Trump afirmou estar pronto para impor fortes medidas económicas caso a Rússia não acabasse com a guerra, mas que os aliados teriam que fazer o mesmo. E incetivou algumas potências europeias por continuarem a comprar petróleo russo.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com