Comédia negra “Era uma vez em Gaza” estreia em outubro nas salas portuguesas

O filme dos irmãos Nasser, “Era uma vez em Gaza”, vencedor do prémio de Melhor Realização da secção “Un Certain Regard”, do festival de cinema de Cannes, em maio, em França, estreia a 16 de outubro em Portugal. Descrito pela crítica especializada como uma comédia negra e um filme de ação sobre corrupção e propaganda na Faixa de Gaza, a história passa-se entre 2007 e 2010. O período escolhido não é fruto do acaso. “Representa um ponto de viragem crítico que teve um impacto profundo no curso dos acontecimentos em Gaza até aos dias de hoje. Foi o ano a seguir à vitória do [movimento islamista palestiniano] Hamas nas eleições legislativas”, disseram.

“Com o nosso filme, procuramos apresentar Gaza através de uma perspetiva diferente daquela distorcida que nos é tipicamente apresentada da região. Queremos pintar um retrato autêntico da nossa cidade, livre de estereótipos e exageros que se tornaram a narrativa aceite globalmente”, lê-se no dossiê de imprensa divulgado pela produtora portuguesa Ukbar Filmes, que o coproduziu.

Em maio, aquando da entrega do prémio em Cannes, Arab Nasser e Tarzan Nasser saudaram a “Palestina livre”. Dias antes haviam alertado para a forma como a comunidade internacional e a indústria cultural olham para o drama humano na Palestina. O sonho da dupla de cineastas é “um dia fazer um filme puramente palestiniano, completamente desligado da política. Mas esse sonho só será possível quando os palestinianos garantirem os seus direitos humanos fundamentais e finalmente viverem como pessoas ‘normais’ num mundo ‘normal’, baseado na justiça, liberdade e dignidade”, salientam no referido dossiê.

Arab e Tarzan Nasser nasceram em Gaza em 1988, mas saíram do território em 2011, tendo passado a filmar na Jordânia. Em 2013 apresentaram a curta-metragem “Condom Lead” em Cannes e, em 2020, “Gaza, meu amor” no festival de Veneza – filme também coproduzido pela Ukbar. “Era uma vez em Gaza” é uma coprodução entre Alemanha, França, Palestina e Portugal, e conta com o apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual, da RTP e do programa europeu Eurimages.