O Bloco de Esquerda (BE) afirmou hoje ter sido informado pelo Presidente da República de que a sua coordenadora nacional, Mariana Mortágua, e os outros três portugueses detidos por forças israelitas estão num porto de Israel.
Esta afirmação foi feita no Palácio de Belém, em Lisboa, pelo dirigente do BE Fabian Figueiredo, que voltou a criticar o Governo português e o exortou a convocar o embaixador de Israel em Portugal para lhe pedir esclarecimentos e apresentar o seu protesto por estas detenções, que qualificou de ilegais, de cidadãos portugueses que seguiam numa flotilha internacional com ajuda humanitária em direção a Gaza.
“Quero dizer-vos desde já que nenhuma informação relevante nos foi comunicada por parte do Governo. Foi pelo Presidente da República, agora, que soubemos que os quatro portugueses se encontram em terra, num porto israelita, e que existe a possibilidade, ainda não confirmada, de serem visitados pela embaixadora portuguesa em Israel”, afirmou.
Fabian Figueiredo falava no fim de uma audiência concedida pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, a uma delegação do BE que também incluiu os dirigentes Joana Mortágua e Jorge Costa.
“O que nós soubemos, através do Presidente da República, é que [os portugueses detidos por Israel] não terão, até ver, qualquer problema de saúde ou nenhuma condição, no seguimento da sua detenção”, adiantou.
O BE aguarda “a confirmação desta informação assim que os quatro cidadãos portugueses possam ter contacto com a senhora embaixadora de Portugal em Israel”, Helena Paiva, tendo em conta que “toda esta informação é transmitida às autoridades portuguesas através das autoridades israelitas”.
Questionado sobre a data de chegada dos detidos a Portugal, Fabian Figueiredo respondeu que o BE ainda não recebeu “nenhuma informação” sobre isso nem sobre os procedimentos a adotar por Israel.
O dirigente do BE referiu que esta audiência, que durou perto de 40 minutos, foi pedida na quarta-feira à noite, com o objetivo de obter informação “sobre as diligências que o Estado português está a tomar para garantir a libertação” dos portugueses “ilegalmente sequestrados e detidos pelas forças israelitas”.
“O senhor Presidente da República foi muito expedito, convocou-nos hoje para as duas da tarde”, agradeceu.
Depois, Fabian Figueiredo salientou que “é ao Governo da República que compete a condução dos trabalhos diplomáticos e a representação externa”, e criticou novamente o executivo PSD/CDS-PP e em particular o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
Segundo o dirigente do BE, foram pedidas “por duas vezes reuniões ao Ministério dos Negócios Estrangeiros” e até ao momento não houve “nenhuma resposta, para saber, nomeadamente, que diligências estavam a ser tomadas e que medidas é que o Governo tomará”.
“Se o senhor ministro teve dificuldade em encontrar esse e-mail, nós podemos enviá-lo novamente. Aqui fica novamente o pedido ao senhor ministro dos Negócios Estrangeiros para que receba o BE”, declarou.
O dirigente do BE ressalvou que não quer “fazer um caso sobre isto”, mas realçou que “há uma grande ansiedade de toda a gente, dos amigos, dos vizinhos, dos familiares dos detidos” e defendeu que o importante é garantir a sua libertação.
“Nós temos um canal de comunicação com o Presidente da República, por vontade do Presidente da República, e queremos estabelecer um canal de contacto permanente com o Ministério dos Negócios Estrangeiros”, explicou.
Por outro lado, Fabian Figueiredo mencionou que “vários países europeus convocaram os embaixadores de Israel para pedir esclarecimentos, nomeadamente, o Governo espanhol”.
“Nós estranhamos que o Governo português não o faça e queremos instar o Governo português a convocar o senhor embaixador de Israel em Lisboa para uma audiência para prestar esclarecimento e apresentar o seu protesto por causa desta detenção ilegal”, acrescentou.
O dirigente do BE apelou à “mobilização da sociedade civil que obrigue o Governo a agir com contundência” e à participação na manifestação convocada para hoje em frente à Embaixada de Israel em Lisboa.
Na quarta-feira à noite, logo após ter sido noticiada a interceção da Flotilha Global Sumud por forças israelitas, o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, comunicou, através de uma nota, ter confirmado junto do Governo português que seria assegurado “todo o apoio consular aos compatriotas detidos”, através da Embaixada de Portugal em Telavive.
A flotilha, composta por cerca de 50 embarcações, uma das quais com bandeira portuguesa, partiu de Espanha com o objetivo de romper o bloqueio israelita e entregar mantimentos na Faixa de Gaza. O Governo de Israel alegou que a iniciativa era apoiada pelo grupo extremista palestiniano Hamas.
Além da coordenadora do BE, Mariana Mortágua, da atriz Sofia Aparício e do ativista Miguel Duarte, cuja participação nesta iniciativa era conhecida, foi também detido por Israel um quarto português que seguia na flotilha, Diogo Chaves, divulgou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
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