O Conselho de Finanças Públicas alertou o Governo esta quinta-feira para uma possível sobrestimação do comportamento real da economia para 2026, no âmbito da apresentação do cenário macro para o próximo ano.
O Conselho das Finanças Públicas aprova as previsões macroeconómicas do Governo para 2026, mas não deixa de apontar essa “possível sobrestimação do comportamento real da economia”.
Note-se que na proposta orçamental, no que toca ao cenário macro, o Executivo prevê que a economia portuguesa deverá crescer 2,3% em 2026. “O PIB deverá apresentar um crescimento de 2% em 2025 e 2,3% em 2026, uma desaceleração face aos 2,1% do ano anterior, beneficiando da aceleração da formação bruta de capital fixo (FBCF), refletindo o perfil esperado de fundos europeus “, indica o Governo, no relatório do OE.
Assim, o CFP considera que as componentes (internas e externas) “encontram-se sujeitas a diversos riscos desfavoráveis” sendo que “há a necessidade de garantir a maior prudência nas projeções orçamentais subjacentes ao OE para 2026”.
No documento, o CFP, antecipa um abrandamento da formação bruta de capital fixo e a manutenção do ritmo de crescimento do consumo público. O cenário macro aponta ainda para um “abrandamento do crescimento” do deflator implícito do Produto Interno Bruto (PIB), em 1,2 pontos percentuais, para 3,6% em 2025.
Já as previsões para o emprego e taxa de desemprego têm em conta uma melhoria das condições do mercado de trabalho.
A instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral sublinhou ainda que a concretização da estimativa de crescimento do PIB real em 2025 depende uma “aceleração muito intensa do crescimento económico na segunda metade do ano”.
Na primeira metade do ano, a taxa de crescimento da atividade económica foi de 0,6% face ao semestre anterior. Tendo em conta a informação disponível para as contas nacionais relativas ao primeiro semestre, o ritmo de crescimento, na segunda metade do ano, teria de atingir 1,6% “para que a previsão de 2% subjacente ao cenário do Ministério das Finanças se materialize”.
O Ministério das Finanças antecipa também um “maior dinamismo da atividade económica” (2,3%), estimando um maior crescimento do investimento e das exportações. Já para o mercado de trabalho aponta um “crescimento elevado dos ganhos salariais”. As Finanças esperam um aumento de 0,9% no emprego, quase metade do estimado para o ano anterior, destacou.
O CFP ressalvou que o seu parecer ocorre “num momento de elevada incerteza no panorama macroeconómico” e apontou que a aceleração do crescimento do PIB real está influenciara pela expectativa de um crescimento “intra-anual do consumo das famílias superior ao de 2025”, uma expectativa que disse não ser justificada pela dimensão e natureza das medidas de política.
(atualizada)
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