[weglot_switcher]

Saúde mental: equipas comunitárias reduziram internamentos e pouparam milhões ao SNS

Em termos económicos, o retorno estimado foi de 12,90 euros por cada euro investido em 2022 e de 14,50 euros em 2023. As poupanças anuais nestas cinco equipas ascendem a 2,3 milhões de euros, valor suficiente para financiar entre 11 a 13 novas equipas.
Meritxell Naudeillo (profesional del EAPS del Hospital Sociosanitario Mutuam Güell). Imagen incluida en el calendario de 2025 de la Fundación “la Caixa”. El Programa de Atención Integral a Personas con Enfermedades Avanzadas de la Fundación “la Caixa”, avalado por la Organización Mundial de la Salud (OMS), complementa la actuación de la Administración en el ámbito de los cuidados paliativos y la atención a los enfermos avanzados, ofreciendo una atención integral. El programa cuenta con más de 320 profesionales en equipos de atención psicosocial (EAPS). Desde 2008, los EAPS han atendido a casi 700.000 personas con enfermedades avanzadas y sus familiares.
10 Outubro 2025, 07h35

Cinco equipas comunitárias de saúde mental permitiram em 2023 uma redução superior a 26% nos internamentos e uma poupança anual estimada de 2,3 a 2,6 milhões de euros para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Os resultados da avaliação económica das equipas comunitárias de saúde mental financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que a Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental vai hoje apresentar, em Lisboa, indicam que, em 2023, o trabalho destes profissionais permitiu reduzir mais de 30% os dias de internamento e 46,7% os reinternamentos.

O estudo, a que a Lusa teve acesso, analisou cinco das 40 equipas comunitárias de saúde mental financiadas pelo PRR e mostra resultados consistentes: em 2022 já se tinha registado uma redução de 28,4% no número de internamentos, de 26% nos dias de internamento e de 38,4% nos reinternamentos.

Em termos económicos, o retorno estimado foi de 12,90 euros por cada euro investido em 2022 e de 14,50 euros em 2023. As poupanças anuais nestas cinco equipas ascendem a 2,3 milhões de euros, valor suficiente para financiar entre 11 a 13 novas equipas.

“O retorno oferecido é absolutamente avassalador”, considerou o coordenador nacional das políticas de saúde mental, Miguel Xavier, lembrando:”se isto foi o estimado para estas cinco equipas, imagine de 50”.

Em declarações à Lusa, o responsável explicou que cada equipa de saúde mental custa cerca de 170 mil euros/ano e disse que, com estes dados na mão, é preciso “garantir que estas equipas se mantêm e que todo o território fica coberto”.

Miguel Xavier disse ainda que o estudo foi feito com equipas do PRR, ou seja, completas, lembrando que muitas das outras equipas já espalhadas pelo país não estão completas.

“O nosso trabalho daqui para a frente, mostrando o grande valor de custo-benefício, é que algum deste dinheiro possa ser aplicado, naturalmente, no reforço das equipes que existem”, defendeu.

Disse que no total o país tem cerca de 100 equipas comunitárias de saúde mental, mas várias estão incompletas. “E estes resultados só se conseguem com equipas completas. Isto é mesmo um trabalho de equipa”, insistiu.

Miguel Xavier lembrou ainda um fator que “faz toda a diferença” no trabalho destes profissionais: “Quando nós montámos as equipes PRR, demos um carro a cada uma. Só assim conseguem ter um meio de transporte para ir a casa das pessoas”.

O responsável disse ainda que, neste momento, está a decorrer um concurso de um milhão de euros para dar carros às equipas que não foram financiadas pelo PRR.

“O impacto das equipas comunitárias de saúde mental ultrapassa os números: promove proximidade, continuidade de cuidados e reduz desigualdades. Estes resultados mostram a sustentabilidade e o potencial de expansão do modelo”, sublinhou.

As 40 equipas (de adultos e de infância e adolescência) financiadas pelo PRR prestam cuidados globais de saúde mental na comunidade a populações entre 50.000 a 100.000 habitantes, em articulação com os cuidados de saúde primários, hospitalares e parceiros sociais.

Além dos benefícios clínicos e económicos, a intervenção das equipas comunitárias de saúde mental tem um impacto ambiental mensurável: nas cinco áreas avaliadas, a redução de 26% do número de dias de internamento em 2022 face a 2019 traduz-se numa poupança estimada de 25–34 toneladas/ano de resíduos hospitalares (assumindo 6–8 kg/cama/dia).

Extrapolando para o país, e com base na produção hospitalar de 2022, uma redução de 28,4% no número de pessoas internadas equivaleria a cerca de 4.000 internamentos e 86 mil dias de internamento evitados por ano, correspondendo a 520–690 toneladas/ano de resíduos hospitalares evitados.

Os resultados deste estudo vão ser apresentados hoje – Dia Mundial da Saúde Mental -, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.


Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.