Passavam poucos minutos das quatro da tarde quando as poucas centenas de manifestantes do setor bancário se preparavam para abandonar a concentração convocada pelos cinco sindicatos dos trabalhadores da banca em frente ao Edifício 8 do Taguspark, onde, esta quarta-feira , se realizou a assembleia-geral anual do Millennium bcp.
A votação dos onze pontos da ordem do dia levados a deliberação na assembleia-geral – todos aprovados com mais de 99% dos votos – durou cerca de três horas e meia e terminou minutos antes das 18 horas.
Ainda antes de ter começado a assembleia-geral do banco liderado por Miguel Maya, com início às 14h30, já se ouviam os cânticos dos manifestantes que, ao som dos tambores e microfones, pediam a valorização dos salários e das pensões. Num dos balões brancos utilizados como instrumento de contestação, lia-se: “aumentos de 0%, não obrigado”.
A manifestação de protesto contra os aumentos zero no BCP foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos e Bancários, pelo Sindicato dos Bancários do Norte (SBN), pelo Sindicato Independente da Banca (SIB), pelo Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) e pelo Sindicato dos Bancários do Centro. A grande maioria dos presentes era constituída por reformados, apurou o Jornal Económico (JE), junto de fonte próxima aos trabalhadores. “Os que estão no activo teriam falta”, se tivessem aderido à manifestação, disse.
Na véspera da assembleia-geral do BCP, o presidente do SBSI, Rui Riso, disse ao JE que o sindicato entendeu “fazer uma ação de sensibilização aos acionistas” de forma a que estes aprovassem o ponto 2 da ordem de trabalhos que, além propor a distribuição de dividendos no valor de 30 milhões, propunha também a compensação aos trabalhadores do banco, no valor de 12,6 milhões.
“O SBSI assinou um acordo com BCP [em 2014] para salvar 400 postos de trabalho”, mas em contrapartida os trabalhadores, que recebiam a partir de mil euros brutos por mês, tiveram cortes salariais entre os 3% e os 11%, até junho de 2017, explicou Rui Riso. “O próprio banco esteve numa situação difícil”, frisou o sindicalista, antes de realçar que o “banco foi recuperado com o esforço de todos”. “O que nós queremos é que os pontos na assembleia-geral seja aprovada”, disse.
Os acionistas presentes na assembleia-geral, que representaram 64,5% do capital social do BCP, aprovaram o ponto 2 da ordem de trabalhos com 99,88% dos votos. Este dia 22 de maio marca não apenas o regresso do BCP à remuneração acionista, que não ocorria desde 2011, mas também o primeiro passo da compensação aos trabalhadores do banco, que será faseada. Ao todo, os trabalhadores terão de reaver cerca de 36 milhões em virtude dos cortes salariais.
Sobre este ponto, o presidente do SBSI reconheceu que “o que está em causa é o aumento dos 12 milhões” e que “há trabalhadores que vão ter uma compensação de 100%, enquanto outros serão compensados entre 25% a 33%”. “A expectativa é que nos anos subsequentes consigamos repor os cortes”, revelou Rui Riso.
Além disso, o SBSI também se manifestou para “chamar a atenção à valorização dos salários e das pensões, que não é feita desde 2010”, explicou o presidente do sindicato. Em ambos os casos, o SBSI pede um aumento de 2%, ainda que, “de acordo com a lei, quando o crescimento económico supera os 2%, as pessoas têm de ser aumentadas pelo menos à taxa de inflação”, explicou Rui Riso. “Mas no caso do BCP, [o aumento] foi zero”, frisou.
O presidente do SBSI revelou que já está a negociar com o BCP e que “houve duas reuniões”, nas quais Miguel Maya “esteve presente”.
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