Está aberta a corrida à sucessão de Theresa May e as surpresas já começaram. A principal delas foi a forma muito pouco calorosa como o partido recebeu a candidatura de Michel Gove, depois de este ter revelado um anterior consumo de cocaína. Aparentemente o partido não gostou da confissão, que terá considerado desnecessária, e penalizou-o por isso.
A aproveitar o mau arranque de um dos mais destacados dos dez candidatos à liderança do Partido Conservador está Jeremy Hunt, ministro dos Negócios Estrangeiros, que parece ter algumas hipóteses de impor a sua visão moderada do Brexit. Em completa oposição a Boris Johnson, que continua a ser apontado como o candidato mais forte, Hunt apresentou uma proposta baseada num Brexit suave, que permita umaa passagem suave da economia para fora da União Europeia.
O discurso tem sido bem recebido, apesar de todos saberem que uma parte importante dos Conservadores quer um Brexit duro e sem acordo, tal como defende Johnson. Mas, segundo a imprensa britânica, nem todo o partido que alinhar atrás de uma visão que pode ternar as coisas muito difíceis – num contexto em que os grandes números já estão a derrapar: a economia do Reino Unido encolheu e a produção industrial sofreu uma desaceleração de cerca de 2,7% em março, o que denota o acumular de dificuldades.
A esperança de Hunt é que o partido seja sensível a estes números e encare a saída sem acordo como ela é: um passo no desconhecido, cujos contornos ainda ninguém conseguiu antecipar com clareza.
Para já, Hunt – que os seus detratores costumam considerar uma versão masculina de Theresa May, conseguiu duas adesões de peso: a ministra do Trabalho e Pensões, Amber Rudd, e a ministra da Defesa, Penny Mordaunt. “Eu confio nele para gerir o Brexit, porque vi-o falar sobre isso nas reuniões do Conselho de Ministros no ano passado”, disse Mordaunt, citada pelos jornais britânicos.
Num quadro em que a nenhum dos candidatos passa pela cabeça pedir a antecipação das eleições – a aceitação que Jeremy Hunt pode vir a ter no Reino Unido acaba por ser uma boa notícia para Bruxelas, que não tem nenhum interesse em ver na chefia do governo alguém que não esteja minimamente interessado em manter um diálogo construtivo com a União Europeia na fase de saída, mas principalmente quando for necessário voltar a estabilizar as relações económicas entre os 27 e o seu antigo Estado-membro.
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