O Instituto Butantan, vinculado ao estado de São Paulo, informou hoje que irá exportar 54 milhões de doses da vacina contra a covid-19 Coronavac caso o Ministério da Saúde brasileiro não sinalize, até ao final da semana, interesse na aquisição.
Segundo o diretor do Butantan, Dimas Covas, o contrato inicial com o Governo Federal prevê 46 milhões de doses desse imunizante até abril. No entanto, há a possibilidade de adicionar mais 54 milhões de doses, totalizando 100 milhões de doses.
Contudo, Covas frisou que o executivo do Brasil, presidido por Jair Bolsonaro, ainda não se manifestou nesse sentido.
“O Butantan tem compromisso com outros países e, se o Brasil declinar esses 54 milhões, vamos priorizar os demais países com quem temos acordo”, disse hoje Dimas Covas, em declarações à imprensa, em São Paulo.
“O nosso contrato com o Ministério da Saúde é de 46 milhões de doses, não temos contrato adicional. Mas, ainda não tivemos nenhum aceno nesse sentido. Está na hora de decidir e se demorarmos não vamos conseguir ampliar esse número”, acrescentou o diretor do Butantan que, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, produz a Coronavac em território brasileiro.
O Butantan enviou um ofício ao Governo de Bolsonaro na semana passada e aguarda agora por uma resposta. Na próxima semana, deverão realizar-se contratos com outros países vizinhos, como a Argentina, segundo informou Dimas Covas.
“Todos os demais países estão cobrando um cronograma. Precisamos dar respostas. Se houver uma resposta positiva do Ministério da Saúde, vamos fazer um planeamento para entregar as novas doses. Não havendo manifestação, vamos dirigir a produção para atender outros países”, frisou o diretor do Butantan.
A Coronavac está, desde o ano passado, no centro de um confronto político entre Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, rival político do Presidente, e que tem a vacina a ser desenvolvida no seu estado.
O próprio Ministério da Saúde chegou a acertar a compra desse imunizante no ano passado, mas foi desautorizado de seguida por Bolsonaro, que se recusou a utilizar essa vacina na sua população.
Contudo, e apesar da relutância do mandatário, a agência reguladora do Brasil aprovou em 17 de janeiro o uso de emergência da Coronavac no país, e que, até ao momento, é o único imunizante a ser aplicado no Brasil.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (218.878, em mais de 8,9 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.159.155 mortos resultantes de mais de 100 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com