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Ursula von der Leyen: Cidades terão de ocupar “o lugar do piloto” na corrida para um futuro verde

A presidente da Comissão Europeia sublinhou a importância das cidades na transformação da realidade económica europeia, que, pretende von der Leyen, passe a assentar numa economia circular com fortes preocupações em relação às emissões de dióxido de carbono e à qualidade de vida dos cidadãos.
28 Janeiro 2021, 15h39

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, sublinhou esta quinta-feira a importância do programa de recuperação na transição para uma economia circular, sustentável e com menor desperdício e emissões de dióxido de carbono no webinar realizado pela Deloitte sobre futuro urbano.

O “maior pacote de estímulos da história”, sobretudo considerando que acresce ao financiamento plurianual da União Europeia (UE), o Next Generation é um instrumento fundamental neste processo, defende a presidente da Comissão.

“Precisamos de investimento. Temos agora a oportunidade para investir em economia circular como nunca antes”, afirmou von der Leyen. “O Next Generation EU vale quase dois biliões de euros, que acrescentam ao financiamento plurianual dos Estados-membros. É o maior pacote de estímulos na história e deveria financiar uma economia verde assente na economia circular”, defende.

Um dos pontos que a presidente salientou no que toca à sustentabilidade do programa relaciona-se com o seu financiamento. O pacote deverá ser fundado com recurso a 30% de títulos de dívida verde, alinhados com os princípios ESG (ambientais, sustentabilidade e governança), de forma a assegurar a natureza sustentável do plano. Esta medida terá de ser acompanhada de um enquadramento para finanças sustentáveis, sublinha, de forma a que estes objetivos possam ser medidos ao longo do processo.

O objetivo é claro: “o nosso acordo verde é uma agenda de transformação sistémica”, referiu von der Leyen. A preocupação com a passagem de uma economia assente no consumo de recursos naturais foi evidente no discurso da líder europeia.

“Temos de repensar o nosso modelo de crescimento. Consumir os recursos naturais e emitir dióxido de carbono não é sustentável”, explica. Um elemento central nesta transformação terá de passar pelas cidades, onde podem ser testadas soluções para um conjunto de problemas que se concentram em territórios tão limitados.

“As cidades são onde todos estes desafios se encontram e onde novas soluções podem ser tentadas e testadas, onde se pode criar projetos na sua realidade local, além de que as respostas implementadas numa cidade serão escaláveis”, argumentou a presidente da Comissão.

Assim, a UE tem desenhado e implementado vários programas e projetos que visem estes objetivos de uma transformação e otimização urbana que envolva mais interação com a natureza, menos emissões e desperdício e um estilo de vida mais saudável e eficiente. Ursula von der Leyen optou por destacar um programa em específico, o New European Bauhaus, uma referência óbvia à inovadora e revolucionária escola de arte conterrânea da presidente.

Este programa combina, como explicou von der Leyen, as vertentes de “inovação, planeamento urbanístico, materiais de construção ecológicos e cultura” numa simbiose que permita que este processo se implemente e enraíze de forma duradoura.

Outro aspeto referido pela presidente da Comissão está ligado ao papel dos governos locais, que se revestem de uma importância acrescida neste paradigma de implementação de mudanças ao nível urbano. Juntamente com os governos nacionais (que, por sua vez, são fortemente exortados a cooperarem entre si), as administrações locais serão “os pilotos” destes projetos.

“As cidades têm de estar envolvidas. Podem oferecer projetos que correspondam aos nossos objetivos”, começou por explicar, defendendo também que “nenhuma administração deve ter de escolher entre responder à crise ou investir no futuro”.

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