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Draghi alerta que prolongar da incerteza está a tornar as perspetivas “cada vez piores”

“As nossas últimas projeções sugeriam, de certa forma, que poderíamos ter uma retoma na segunda parte do ano, mas agora os sinais que recebemos mostram fraqueza no crescimento também no terceiro trimestre, portanto essa retoma está menos provável e o equilíbrio de riscos pende para o negativo”, sublinhou o presidente do BCE.
BCE
25 Julho 2019, 15h15

O prolongar das incertezas que rodeiam a guerra comercial, as tensões geopolíticas e, agora, a possibilidade de um hard Brexit e o desacelerar da economia chinesa estão a tornar outlook da economia da zona euro cada vez pior, o que forçou o Banco Central Europeu (BCE) a sinalizar como poderá tornar a política monetária mais acomodatícia, afirmou esta quinta-feira Mario Draghi,

Na conferência de imprensa a seguir à reunião do Conselho de Governadores, o presidente do BCE afirmou que a análise das perspetivas foi consensual.

“O outlook está cada vez pior, especialmente na manufactura e nos países nos quais a manufactura é muito importante”, referiu o italiano. “E por causa das cadeias de valor, isto propaga-se para o resto da zona euro”.

Explicou que por trás desta tendência está a incerteza geral que existe há mais de um ano, relacionada com a guerra comercial, as tensões geopolíticas e, mais recentemente, a possibilidade de um Brexit sem acordo e “baixa rotação” da economia chinesa.

“As nossas últimas projeções sugeriam, de certa forma, que poderíamos ter uma retoma na segunda parte do ano, mas agora os sinais que recebemos mostram fraqueza no crescimento também no terceiro trimestre, portanto essa retoma está menos provável e o equilíbrio de riscos pende para o negativo”, acrescentou Draghi.

Meta da inflação mais distante

Em relação à inflação, o presidente do banco central explicou que a meta está mais distante. A combinação destes fatores levou o BCE a introduzir várias novidades na linguagem que vinha utilizando na comunicação sobre a política monetária, para sinalizar que novas medidas de estímulo poderão ser anunciadas na reunião de setembro.

O Conselho de Governadores do BCE manteve esta quinta-feira inalteradas as taxas de juro em mínimos históricos, mas sinalizou que podem vir a descer dos níveis atuais. O Conselho dos Governadores espera que as taxas de juro permaneçam nos níveis atuais ou mais baixos pelo menos até ao final da primeira metade de 2020 e, em todo caso, pela duração necessária para assegurar a contínua convergência sustentada da inflação com a meta a médio prazo”, referiu.

Draghi, sinalizou a 18 de junho, que podem ser necessárias novas medidas de estímulo para a zona euro e não descartando, em caso de necessidade, um novo corte na taxa de juros. O objetivo é de sustentar a expansão economia da zona euro numa altura de incerteza e impulsionar a inflação em direção à meta do BCE, que se situa abaixo, mas perto de, 2% no médio prazo.

O presidente do BCE salientou na conferência que o próprio reconhecimento que as metas das taxas de inflação, tanto a real como a projetada, se têm mantido de forma persistente abaixo da meta é uma novidade.

Em relação ao tamanho e composição de um potencial relançamento do programa de compra líquida de ativos da zona euro, o BCE referiu que pediu aos comités relevantes do Eurosistema para analisarem as opções.

As formas de reforçar o forward guidance sobre taxas e as medidas de mitigação, como o desenho de um sistema de para a remuneração das reservas, também serão analisadas por esses comités.

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